Testamos se os taxistas do Rio dão mesmo golpe nos gringos e isso foi o que aconteceu
Teve bandalha. Teve doce de batata no sinal. Teve Lulu Santos.
Este é o Ryan. Ele é americano, trabalha no BuzzFeed UK, com sede em Londres, e está cobrindo a Olimpíada no Rio.
A gente resolveu testar uma das famas cariocas mais antigas: será que os taxistas curtem mesmo enganar os gringos?
Ryan Broderick / BuzzFeed
Para testar a hipótese, eu e ele pegamos táxis simultaneamente, saindo dos mesmos lugares, no mesmo horário — mas o gringo não teve ajuda de ninguém.
Nossa primeira corrida foi da Barra, onde fica a maior parte das arenas olímpicas, até a praça Mauá.
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A gente passou o tempo todo conversando pelo WhatsApp.
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— Beleza, eu tô no táxi, ele entendeu para onde estamos indo e eu balbuciei umas frases em português haha.
— Eu acabei de entrar no táxi. O motorista disse que a gente vai chegar rápido, mas eu duvido.
— Quanto tá custando o seu até agora? O meu está em R$ 11.
— O meu tá em R$ 7,90, mas não dá pra ver o taxímetro direito.
Tudo parecia muito normal, até que o Ryan foi apresentado a uma das demonstrações mais cariocas no trânsito: a bandalha. O taxista quis cortar caminho passando num estacionamento.
Ryan Broderick / BuzzFeed
— Ok, agora a gente tá num estacionamento?
— ?????
— Eu acho que ele tentou cortar o trânsito indo pelo estacionamento.
— Isso é muito carioca. Funcionou?
Aí o motorista ganhou a simpatia do Ryan: "Não sei se passar pelo estacionamento adiantou, mas eu acredito nesse cara".
Mal sabia ele que o melhor estava por vir — doce de batata grátis. O motorista comprou dois no sinal e deu um pro Ryan.
Ryan Broderick / BuzzFeed
Enquanto isso, no meu táxi, o motorista colocou pra tocar "Sereia", do Lulu Santos. Foi a chance que tive para apresentar ao Ryan esta grande obra da MPB.
Alexandre Aragão / BuzzFeed
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— A gente tá ouvindo Lulu Santos, um cantor pop brasileiro dos anos 80.
— Parece FODA.
— Na verdade, eu preferia ouvir SMOOTH.
— Eu sempre preferiria ouvir ao clássico do pop rock Smooth, do Santana, com participação especial de Rob Thomas, do Matchbox 20.
No fim das contas, a corrida do Ryan custou R$ 2 a menos que a minha (R$ 100).
Ele comemorou e até especulou o motivo: talvez o motorista carioca tenha percebido que eu moro em São Paulo.
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— Caramba, você ainda tá longe. Quanto tá o seu taxímetro? O meu tá em R$ 85.
— R$ 75 até agora.
— Eu preciso mijar
— Eu acho que no fim das contas a sua corrida vai ser mais barata que a minha.
— Hell yeah
— Hahaha. Quem é o gringo idiota agora? Toma essa taxistas cariocas.
— Vai ver seu taxista andou mais porque percebeu que você mora em São Paulo.
A segunda corrida foi da praça Mauá até o Copacabana Palace — no bairro em que a maioria dos turistas tem passado a Olimpíada. Dessa vez, os caminhos foram diferentes.
Ryan Broderick / BuzzFeed
— A gente tá no aeroporto
— Talvez a gente dê sorte dessa vez e o taxista te engane hahaha.
— Uau, a gente tá passeando agora. A tarifa está em R$ 30.
— Eu tô na sua frente e o meu taxímetro tá marcando R$ 25.
— 🤔 🤔 🤔
— Provavelmente seu motorista é novo e não conhece a cidade direito hahaha.... Ou não.
— Ele é bem novo, talvez seja isso mesmo.
No fim das contas, não era nada disso: de novo, a diferença entre a minha corrida e a do Ryan foi de R$ 2 — a dele custou R$ 39. E a gente chegou direitinho em Copacabana!
Ryan Broderick / BuzzFeed