Talvez seja hora de relembrar o vídeo maravilhoso do Batman no Leblon
Se você pensa que é de hoje que o Brasil ficou doido, veja (ou reveja) este vídeo.
Brasil, janeiro de 2014. Seis meses haviam se passado desde as jornadas de junho. Parte da população protestava contra a Copa. Os rolezinhos eram a polêmica da vez. Tudo ao mesmo tempo.
Nelson Almeida / AFP / Getty Images
O negócio começa com um homem exaltado, diante de uma equipe de TV, apontando para um rapaz fantasiado de Batman.
Rodrigo Carvalho / Via youtube.com
Vem então a resposta que muitos consideram o ápice do vídeo.
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É o argumentum ad Batman comigum, cujo postulado central é o seguinte: "Não há autoridade maior sobre um assunto do que um indivíduo fantasiado daquele assunto." Um historiador fantasiado de Pedro Álvares Cabral, por exemplo, argumentaria: "Você quer discutir de Descobrimento do Brasil comigo?" Trata-se de uma falácia? Certamente. Mas é muito provável que, naquele quarteirão do Leblon, naquele momento, não houvesse ninguém com autoridade sobre Batman maior do que a deste rapaz fantasiado de Batman.
Talvez dando razão ao rapaz fantasiado de Batman, o homem parte para a ofensa pessoal (afinal, faltam-lhe argumentos para discutir de Batman justamente com ele).
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O entrevistador do programa de TV, que é de uma emissora francesa, tenta fazer uma pergunta sobre a discriminação contra os jovens que participavam dos rolezinhos.
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Ele é totalmente ignorado, e na sequência vemos esta senhora que se junta às críticas ao rapaz fantasiado de Batman.
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O Rapaz Fantasiado de Batman (vamos chamá-lo de RFB a partir de agora) defende sua atuação.
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Apoiado por uma fotógrafa, o homem faz a seguinte acusação ao RFB:
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Neste momento mágico, o homem e a fotógrafa descobrem estar em campos políticos opostos.
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Mas concordam em um ponto: o rapaz fantasiado de Batman é fascista.
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O Rodrigo, que está filmando esta obra-prima, faz uma pergunta à fotógrafa.
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O entrevistador francês insiste na pergunta sobre discriminação, mas não é compreendido. O cameraman, também francês, traduz a pergunta para o português.
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E explica por que não há discriminação no Brasil.
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É o argumentum ad bebemum juntum, que tem a seguinte estrutura lógica:
• O homem A ganha muito dinheiro.
• O homem A bebe junto com pessoas que têm pouco dinheiro.
• Logo, não existe discriminação no Brasil.
Observado pelo RFB sem máscara, o homem — que a partir de agora chamaremos de cineasta — dá uma longa resposta à TV francesa defendendo a realização da Copa no Brasil.
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O RFB tenta colocar as diferenças de lado e conscientizar o cineasta.
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Mas absolutamente ninguém o apoia. Ouvem-se vaias. A esta altura, já está muito claro que a pessoa mais sensata do vídeo é o RFB. Ou seja: tá todo mundo LITERALMENTE MAIS LOUCO QUE O BATMAN.
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No meio dessa zona cada vez maior, um homem de barba acusa o cineasta de ser de classe média e recomenda a ele que vá embora. O clima fica tenso, mas não menos surreal (muito pelo contrário).
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Na sequência, o RFB passa a discutir com um homem de óculos escuros que é contra os rolezinhos.
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Enquanto o cineasta continua acusando o RFB de ser um capitalista safado, o Rodrigo Carvalho faz uma pergunta ao homem de óculos escuros anti-rolezinho.
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E o cineasta continua buscando jeitos novos de ofender o RFB, que finalmente desiste da discussão. O pessoal continua vaiando.
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O homem de óculos escuros sai vazado, e assim termina um dos melhores vídeos da nossa história.
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