Secretário de Alckmin não tem base científica para ligar estupro à crise
Pesquisadores dizem que estão chocados com entrevista do novo titular da Segurança. Não existe pesquisa que comprove que desemprego pode estimular crimes sexuais.
A tese do secretário de Segurança Pública de São Paulo relacionando crise econômica com estupro deixou os pesquisadores sobre violência chocados. "Não tem nenhuma base até porque a Secretaria não levanta o estado psicológico do agressor", disse o autor do Mapa da Violência contra a Mulher, Julio Jacobo Waiselfisz.
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Tese de Mágino Barbosa Filho foi descartada por especialistas em estudos sobre violência.
"Esta é uma apreciação muito particular, uma opinião muito controversa e muito na contramão do que já se sabe sobre o tema", disse Jacobo ao BuzzFeed Brasil. O Mapa da Violência contra a Mulher foi divulgado no ano passado. Segundo o pesquisador, 60% dos crimes de violência sexual são cometidos por pessoas conhecidas pela vítima.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública também desconhece a ligação de uma coisa com a outra. "É possível relacionar alguns tipos de crimes patrimoniais, como roubos e furtos, com os ciclos econômicos. Mas não violência sexual", disse Renato Sérgio de Lima, vice-presidente da entidade.
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A representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, afirmou que a violência contra a mulher "independe de poder aquisitivo, crise econômica, emprego ou desemprego" e que acontece em todas as esferas sociais.
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Em email ao BuzzFeed, Nadine lembrou que em 2014 e 2015 foram registrados mais de 50 mil estupros no país e considerou esses índices "inaceitáveis em todo o mundo". A ONU Mulheres é a entidade da ONU para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres.
"A violência contra as mulheres é uma forma de dominação, controle e poder sexista que exige respostas o compromisso do poder público com a redução dos índices, prevenção e enfrentamento dos casos", disse a representante da ONU.
"O homem só comete estupro se achar que pode violar o corpo alheio. Quem dá essa concessão a ele é o machismo, não o desemprego", disse Arlene Martinez Ricoldi, pesquisadora sobre gênero da Fundação Carlos Chagas.
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Pelo país, mulheres protestam contra o machismo e a cultura do estupro.