Risco de trombose por pílula em mulheres sem histórico familiar é menor que 1%

Caso da estudante compartilhado no Facebook deixou muitas mulheres preocupadas, mas risco entre mulheres sem histórico familiar, não fumantes e não obesas, por exemplo, varia de 0,04% a 0,18%. Apesar disso, o caso de Juliana abriu um debate importante sobre o uso indiscriminado da pílula.

Publicado por Flora Paul e Clarissa Passos

Você já deve ter visto na sua timeline este relato da Juliana Pinatti Bardella, que tem mais de 65 mil compartilhamentos.

      

Nele, Juliana conta que, depois de semanas com dor de cabeça forte, descobriu uma trombose venosa cerebral que pode estar ligada ao uso de pílula anticoncepcional.

"Foi um choque, não consegui entender bem o que estava acontecendo, o médico me perguntou se eu tomava anticoncepcional, eu disse que sim, há cinco anos, e então ele disse que essa poderia ser a causa do problema", escreveu no post.

"Cinco anos de YAZ, três ginecologistas diferentes, e nenhum me alertou sobre a trombose, mesmo perguntando a respeito, nenhum falou que seria um risco." Juliana também alerta que não tinha histórico familiar da doença, além de não fumar e estar com exames de sangue normais.

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Em entrevista ao BuzzFeed Brasil por telefone, a ginecologista e obstetra Ana Thais Vargas, que trabalha com parto humanizado, disse que de fato a pílula anticoncepcional aumenta o risco de trombose em qualquer paciente, e isso é um dado sabido pelos médicos. Quem talvez não tenha sido alertada suficientemente são as pacientes.

"Não há como garantir que você não vai ter trombose ao tomar anticoncepcional", diz a médica. "A pílula aumenta o risco de trombose de qualquer pessoa, e para quem tem propensão, ela aumenta ainda mais esse risco se associada a cigarro, obesidade e sedentarismo."

Mas mesmo aumentado, esse risco ainda é muito pequeno. Em comparação a outras condições também. A médica destaca que o risco de trombose quando se está grávida, por exemplo, é maior do que quando se toma anticoncepcional.

Em números, segundo estudo da Universidade de Nottingham, a estimativa é que a cada 10 mil mulheres que não tomam pílula anticoncepcional, de 3 a 5 podem ter trombose em um ano, uma chance de 0,04%. Estas chances variam entre 0,04% e 0,18% para mulheres que tomam contraceptivos hormonais variados. Ou seja, ainda os números ainda são baixos.

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Além de estarem compartilhado seus anseios por ter mais informações a respeito da pílula e quais seriam alternativas para interromper seu uso.

      

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Ana Thaís, a ginecologista entrevistada pelo BuzzFeed Brasil, reforça que a pílula é um remédio, e como qualquer outro remédio tem indicações, contraindicações e efeitos colaterais. "Parece que a pílula é uma vilã, mas é que ela está sendo usada de forma indiscriminada".

Para a médica, métodos não-hormonais, como o DIU de cobre e a camisinha, são mais indicados. E reforça: "A qualquer sintoma de desconforto, converse com seu médico". E, se você sentir que suas questões não estão sendo resolvidas, uma segunda opinião também é bem-vinda.

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