Respondemos suas principais dúvidas sobre a bandeira antifacista

De onde ela veio? Qual seu simbolismo? Trocar suas cores é um problema?

Com o ato pró-democracia no último final de semana, o termo antifascismo ganhou peso nas redes, e a bandeira tem sido adotada pelas pessoas em redes sociais, inclusive com personalizações e alteração de cores.

Alguns esclarecimentos iniciais sobre o movimento antifacista: ele não é sinônimo do movimento anarquista; não conta obrigatoriamente com a tática black block; e não tem estrutura ou hierarquia unificada, se dividindo em diferentes vertentes.

Tudo bem até aqui? Então vamos em frente.

Nelson Almeida / Getty Images

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O movimento antifacista nasceu e cresceu na Alemanha entre a Primeira e Segunda Guerras Mundial, como oposição ao crescimento do ultranacionalismo, militarismo e da opressão de opositores. Historicamente, a antifacismo está ligada ao movimento anarquista e ao comunismo europeu. Essa reportagem do portal Nexo é um bom ponto de partida para entender.

Ser antifascista significa ser de esquerda?
Assim como o socialismo, comunismo, social-democracia (entre outras políticas) a bandeira vermelha do movimento significa fazer oposição à direita.

Ser antifascista significa "ser black block"?
Ser antifascista não é sinônimo de, por exemplo, cobrir o rosto com máscaras. Isso faz parte da tática black block, popularizada no Brasil nas manifestações de 2013. Integrantes do movimento antifacista podem adotar essas táticas ou não.

Josep Lago / Getty Images

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Por que o símbolo do antifacismo mostra as bandeiras preta e vermelha juntas?
Essa é uma representação das origens históricas do movimento: o anarquismo (bandeira preta) e o comunismo (bandeira vermelha).

Bandeiras com outras cores que não preto e vermelho também são antifacistas
Depende da bandeira e do que ela está querendo dizer. Com a popularização do movimento existem dois pontos importantes: o apoio vindo de diferentes vertentes, e o esvaziamento do objetivo original. O apoio de causas LGBTI+ e feministas ao movimento antifascista, com bandeiras com cores que as representem, indicam lutas sociais que se apoiam e podem se construir e/ou complementar. Por outro lado, bandeiras antifascistas divididas por "definições pessoais" podem ir contra o propósito primordial do movimento, que é de união.

Qual o problema de alterar as cores das bandeiras antifascistas?
Enquanto algumas bandeiras com cores alteradas já são popularmente utilizadas (exemplo: a bandeira antifacista com as cores do arco-íris, símbolo da luta LGBTQI+), outras podem ter significados que contradigam o movimento (ex: a bandeira antifacista com as cores e os símbolos de bandeiras de países). Antes de sair mudando as cores e adaptando ao seu gosto, vale se questionar: existe motivo para trocar as cores? O que estou querendo dizer? Que efeito isso tem? A ideia de uma bandeira é justamente demonstrar uma causa ou um lado.

Dois livros para começar a mais sobre o assunto:

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"Como funciona o fascismo" (a partir de R$43,10) explica a estrutura comum entre os sistemas autoritários até os dias mais recentes, cobrindo as principais características de um governo fascista.

"Antifa – o Manual Antifascista" (a partir de R$55,00) conta sobre a história do movimento Antifa até a atualidade, com entrevistas de participantes do movimento, explicando as táticas e a filosofia de quem participa.

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