Raquel Brugnera coordenou campanha do bolsonarista André Porciúncula e recebeu em dinheiro vivo, segundo registros

Parte 2: Raquel diversifica as atividades para a campanha eleitoral de Porciúncula após escândalos envolvendo MEC, inclusive com a prisão do ex-Ministro de Bolsonaro.

Publicado por Deinha Mendes e Dr. Pândego

Na quarta (18), o BuzzFeed Brasil publicou uma matéria sobre Raquel Brugnera, ex-assessora técnica da Fundação Palmares, que ocupou o cargo durante o governo Bolsonaro e deixou a função para montar uma empresa própria. Ela dizia atuar para prefeituras na negociação com o Ministério da Educação e com a "indústria" sertaneja (leia a matéria AQUI).

Nesta segunda parte a reportagem sobre esse caso, apresentamos indícios de pagamentos feitos em dinheiro vivo.

Em março de 2022 o Estadão revelou a existência de um gabinete paralelo no MEC. Líderes religiosos liberariam verba naquele ministério em prazo recorde. Aqui link para a matéria do Estadão

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O escândalo levou à prisão do ex-Ministro da Educação, em junho de 2022.

Em paralelo, o site da empresa de Brugnera parece ter sido criado e alterado. Constam os seguintes dados de criação e alteração em 20 de maio de 2022, a partir do who is do registro.br.

Reprodução Registro.br

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Um mês depois, consta que Brugnera mantinha um blog em um veículo notoriamente bolsonarista. A campanha eleitoral já estava para começar.

Reprodução Google

Em algum momento ela alterou seu perfil no Instagram para incluir que era "Coordenadora da Campanha do André Porciúncula", notório defensor de Bolsonaro e das pautas mais radicais do bolso-olavismo, e ex-colega de Brugnera no governo Bolsonaro.

Reprodução Google

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Há evidências digitais, imprimíveis e auditáveis, no site do TSE, de que Brugnera tenha atuado em sua campanha. Há, na verdade, pagamentos da campanha dele à empresa de Brugnera no valor de R$ 107.500,00 - mais do que para o Facebook, Google, etc...

Reprodução site TSE

Foram três notas emitidas pela empresa de Brugnera para a campanha de Porciúncula. Começando pela última, a de número 51.

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Consta pagamento em dinheiro.

Já a de número 50, de R$ 40.000,00...

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...foi um pagamento em DINHEIRO.

E a primeira a ser emitida, a de número 47, de R$ 50.000,00?

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Acertou quem chutou que o pagamento foi registrado como feito em DINHEIRO!

Além da empresa da Brugnera, consta também pagamento da campanha do então candidato para o marido dela.

Reprodução site TSE

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Mas, diferente da empresa da Brugnera, que emitiu notas fiscais eletrônicas, não consta como o marido foi pago.

Todos esses dados constam do site do TSE e podem ser acessados livremente. Para visualizar cada nota é necessário incluir a chave de acesso, que pode ser copiada e colada do próprio site do TSE. Por exemplo:

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Tá, mas e de onde veio esse dinheiro que ele usou para pagar, em dinheiro, Brugnera e o marido dela? A fonte de recursos da campanha do Porciúncula foi praticamente toda de fundos abastecidos com dinheiro público.

No detalhe, foram 2 fundos públicos, R$ 500 mil do Fundo Especial, R$ 300 mil do Fundo Partidário, com algo no mínimo interessante: a referência a transferências via TED.

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Para finalizar, como estão registrados os pagamentos nos extratos apresentados ao TSE? De alguns pagamentos há referência ao banco e número da agência, mas no caso da BSB Soluções e do marido da Brugnera, não.

E vejam que curioso este valor de 1.698 reais declarado no extrato como pagamento à BSB:

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E aqui estão dois lançamentos declarados como cobertos pelo Fundo Especial:

Os demais pagamentos à BSB e marido de Brugnera foram cobertos pelo Fundo Partidário, pelo que declarou ao TSE. Primeiro, dos pagamentos à BSB, de Brugnera:

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No detalhe, sempre faltando referência ao banco para o qual as TEDs teriam sido feitas...

Notem que o segundo lançamento do pagamento à BSB com recursos do Fundo Partidário, somado ao segundo lançamento de 1.698 reais coberto pelo Fundo Especial, fica 2 reais a menos do que o valor declarado como recebido em dinheiro na nota 51, já mencionada e novamente aqui:

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Aqui, o lançamento do pagamento ao Maciel, declarado como coberto pelo Fundo Especial, sem detalhes sobre a que banco a TED (ou DOC) teria sido feita. Ah, vai ver foi PIX pro Banco do Brasil, onde ele tem conta.

Mas por que a transferência foi registrada como TED então?

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Não é que a Raquel Brugnera fechou o perfil do Instagram depois da primeira parte desta reportagem, publicada na quarta (18)? Por que será?

Reprodução Instagram

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