Há 45 anos, Rachel de Queiroz abria as portas da imortalidade para as mulheres na literatura brasileira

Ela foi a primeira escritora a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras (ABL).

Além do fato de serem escritoras, Nélida Piñon, Ana Maria Machado, Rosiska Darcy, Cleonice Berardinelli e Fernanda Montenegro têm em comum o fato de fazerem parte da seleta lista de imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Divulgação/ABL

Elas ocupam cinco das 40 cadeiras de membros efetivos da instituição.

Além delas, Dinah Silveira de Queiroz, Lygia Fagundes Telles e Zélia Gattai também fizeram parte da ABL.

O caminho para a presença de mulheres entre os imortais da literatura brasileira foi aberto há exatos 45 anos, em 4 de agosto de 1977, quando a escritora cearense Rachel de Queiroz fez história ao ser a primeira mulher a ser eleita para a ABL.

Acervo da Academia Brasileira de Letras

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Na época, aos 67 anos, ela já tinha escrito 17 dos seus mais de 20 livros. Embora negasse a ideia de ser feminista, Rachel foi uma das autoras brasileiras a iniciar a perspectiva da personagem feminina na ficção nacional. Ela definiu suas personagens como "para baixo", em reflexo ao seu próprio baixo astral.

Reprodução/ Arquivo Nacional

Embora não se definisse como uma escritora engajada, Rachel dedicou boa parte de sua obra a escrever sobre a seca e a miséria do Nordeste - situação presenciada por ela mesma na infância.

Reprodução/Arquivo Nacional

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As obras mais reconhecidas da escritora, que também foi tradutora, jornalista, cronista e dramaturga, são estas a seguir:

Reprodução/EBC

"O Quinze" foi o primeiro livro publicado pela escritora, em 1930, quando ela tinha apenas 19 anos. O romance com apelo social aborda a luta secular do povo cearense contra a miséria e a seca.

Divulgação/ Editora José Olympio

"Eu quis dar uma espécie de testemunho (sobre a seca). Com essa petulância da juventude, eu me meti a escrever um romance", disse ela no "Roda Viva", em 1991, ao justificar o que a levou a escrever seu primeiro livro.

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Nove anos mais tarde publicou "As Três Marias" (1939).

Divulgação/ Editora José Olympio

Em 1975, Rachel publicou "Dôra, Doralina", que anos mais tarde virou filme.

Divulgação/ Editora José Olympio

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Em 1992, a escritora publicou "Memorial de Maria Moura", obra que conta a saga de uma mulher contra a submissão feminina na sociedade patriarcal do século XIX.

Divulgação/Editora José Olympio

O romance virou minissérie em 1994.

Ao longo da vida, Rachel foi de integrante do Partista Comunista Brasileiro à opositora de Getúlio Vargas, Jango e Brizola. Além de ter apoiado a Ditadura Militar até 1967, na esperança, segundo ela, de que houvesse uma eleição de um presidente civil.

Reprodução/Youtube

"Na verdade, eu nem sou comunista, nem sou reacionária. Sou propriamente anarquista, uma doce anarquista. É a minha posição há muitos anos", afirmou em entrevista ao "Roda Viva" em 1991.

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Em 1993, Rachel foi a primeira mulher a receber o Prêmio Luís de Camões. A escritora morreu em 4 de novembro de 2003, aos 93 anos, no Rio de Janeiro, por problemas cardíacos.

Acervo da Academia Brasileira de Letras

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