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Por que você deveria conhecer a história da "Vênus Negra"
Para entender como a hipersexualização do corpo da mulher negra é racista.
Susana Cristalli
Há 6 anos
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O escritor Ale Santos criou uma thread no Twitter para contar a história – horrível e revoltante – da mulher africana que ficou conhecida na Europa como "Vênus Negra" e a conexão com atitudes racistas que perduram até hoje.
A hipersexualização do corpo negro feminino, expresso no estereótipo da Mulata é uma das maiores feridas deixadas pelo racismo. Essa Thread vai contar a história de como europeus tratavam com desumanidade mulheres pretas, em especial uma conhecida como Vênus Negra. https://t.co/7IxjAObP1i
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Ele narra quando holandeses colonizaram parte da África e se depararam com os Khoisan. A aparência do povo era muito diferente da deles, o que chamou a atenção dos europeus.
A anatomia dos Khoisan varia ligeiramente dos outros povos africanos, principalmente porque a estatura de todos era menos e mulheres tendiam a desenvolver nádegas maiores. Os europeus chamaram esse povo de Hotentote, que significa gago - devido a peculiaridades da língua. https://t.co/S7tWZeNwID
Era como se as diferenças físicas justificassem a desumanização e falta de respeito.
Uma ou mais dessas mulheres foi capturada para uma turnê tenebrosa pelas dimensões do Reino Unido, era Sarah "Saartjie" Baartman ou a Vênus Noire (negra) - isso em 1810. Seus padrões eram tidos como grotescos pelos europeus, não apenas da sua nádega mas de sua genitália. https://t.co/PElW8uRHn4
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Sarah, a "Vênus Negra", teve seu corpo exposto como uma atração sexualizada e bizarra.
Analfabeta, ela supostamente assinou um contrato com o cirurgião inglês William Dunlop e o empresário Hendrik Cesars, dono da casa em que ela trabalhava, que disse que ela viajaria para a Inglaterra. Uma das regras seria, nunca expor sua vagina. https://t.co/6VIAsaGwns
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Era uma completa violação da dignidade da pessoa.
Ela vivia enjaulada, subia no palco e era obrigada a "mexer sua bunda" e deixar ser tocada por homens pervertidos. Em 1814 ela foi vendida a um Frances, domador de animais, que a exibia totalmente nua, contrariando seu primeiro acordo. https://t.co/teoTFs5G3i
O caso também foi usado para "comprovar" teorias racistas.
Foi exposta para multidões de pessoas, a maioria homens embriagados, apalpando-a, zombando e fazendo várias caricaturas. Até cientistas foram atraídos e fizeram inúmeras teses de como as dimensões corporais de Negras aproximava elas de animais https://t.co/dnapKdtnST
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Ao questionar a humanidade de Sarah, tentavam justificar esse tratamento, enquanto a saúde mental dela estava provavelmente em frangalhos.
As caricaturas exageravam mais suas proporções, com a intenção racista de marcar a diferença com as mulheres brancas, tidas como civilizadas e "humanas". Ela passou a beber e fumar sem parar e provavelmente foi prostituída. https://t.co/fdpqyegC0T
Esse tipo de discurso pseudocientífico, segundo o qual algumas etnias são geneticamente superiores a outras, foi retomado mais tarde pelo nazismo.
Foi neste período que teve início o estudo que chegou a ser chamado de "ciência da raça", onde vários europeus usaram pseudociência para depreciar negros. Entre 1814 e 1870, houve pelo menos sete descrições científicas onde a anatomia dos corpos de mulheres negras eram comparadas https://t.co/Uqr1N9KjYI
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Em tempo, essa mesma região do continente é onde fica a África do Sul, onde o racismo causou o apartheid.
Até 1974, era exposto no Museu do Homem de Paris um modelo de gesso, que Georges Cuvier fez de seu corpo antes de dissecá-lo. Também preservou seu esqueleto, pôs seu cérebro e seus órgãos genitais em frascos. Em 94 Nelson Mandela solicitou a devolução para a Africa. https://t.co/Dh9EUuBbuQ
A história de Sarah também foi contada no filme "Vênus Negra", do diretor francês de origem tunisina Abdellatif Kechiche.
Enfim ela foi enterrada em Hankey, província onde nasceu. Vários livros foram escritos sobre essa história absurda que o racismo europeu promoveu. O filme Venus Noire é dramático e requer estômago para reviver sua tragédia - https://t.co/OoKK1XiSsW
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Ale Santos faz a conexão entre esse tipo de história trágica e a hipsersexualização do corpo da mulher negra.
Infelizmente a hipersexualização da mulher negra persiste, em vários estereótipos e julgamentos que impedem seu crescimento em muitas dimensões. Assiste o vídeo da @natalyneri https://t.co/xjPleBYDUR
Este vídeo da blogueira Nátaly Neri, do canal "Afros e Afins" debate justamente esse tema e suas complexidades.
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