Por que está tão difícil passar pano pra Linn da Quebrada?

Antes do "BBB", me prontifiquei a defender ao máximo nossa sereia, mas quanto mais longe ela vai, mais fica difícil manter a promessa.

Tão logo eu soube que a Linn da Quebrada, minha querida amiga, estaria no "BBB 22", já me prontifiquei a dizer que eu usaria a minha coluna aqui para passar todos os panos do mundo que ela precisasse. Nem acreditava que isso seria necessário, contudo, de tanta confiança que eu depositava nela. No entanto, dois meses após a minha declaração, com a Linn já gloriosamente no top 10 da Casa, não está sendo fácil manter a minha promessa, o que tem me levado a intensos questionamentos. Afinal, o que mudou de lá pra cá?

Bom, antes de mais nada, é importante dizer que a Lina é uma das figuras mais excepcionais que já conheci. Inteligência sobrenatural, carisma único, essa capacidade só dela de estabelecer trocas com figuras as mais diversas, além de ser belíssima e cantora talentosíssima... como é que esse combo tão maravilhoso poderia estar me deixando desconfortável em passar panos e motivando tanta crítica nas redes sociais?

Não tenho uma resposta definitiva, estou ainda tentando entender o que aconteceu para eu já não ter o mesmo fervor em defendê-la e divulgá-la como antes. Usarei então a coluna de hoje para começar a elaborar essa resposta. A propósito, conto com os comentários de vocês para irmos avançando nesse entendimento.

Começo repetindo algo importante: não sou nenhuma especialista em BBB. Esse é o primeiro que assisto em toda a minha vida e, pelo visto, será o último, porque já estou ficando sem paciência com o programa. A falta de paciência tem, aliás, relação direta com essa resposta que estou imaginando, pois a sensação que tenho, depois desses mais de dois meses de BBB, é que as regras seriam profundamente injustas ou, no mínimo, aleatórias.

São três meses de confinamento, três meses só tendo contato com o mundo exterior através do apresentador, Tadeu. Nenhume participante tem acesso às inúmeras câmeras de que dispomos, aos replays, aos compilados, às edições, às críticas que abundam nas redes sociais. Pior: não sabem nem a porcentagem de votos que cada emparedade teve.

Lembram da Jade insistindo na narrativa de que havia um embate com o Arthur? Pois é, como criticá-la por isso? Na cabeça dela havia, a intuição dela dizia haver e ela embarcou nessa narrativa. Foi escorraçada da casa muito em função disso e, uma vez aqui fora, recebendo informações mais consistentes, mudou imediatamente de postura.

A Lina é um caso parecido: ela não faz ideia de como está sendo vista aqui fora, ela só pode confiar na própria intuição. Aquela escolha do VIP do DG, lá atrás, só com homens fez com que um alerta se acionasse em sua cabeça e, desde então, o que ela vê é um grupo muito coeso de homens atropelando todo o restante da Casa.

Quem vê de fora acha inaceitável ela se indispor com o trio parada dura, sobretudo com o DG, mas ela não tem acesso às câmeras de que dispomos. Se pudesse ver o que estamos vendo, provavelmente teria outra opinião seja a respeito do grupo do bolinha, seja a respeito das luluzinhas de quem se aproximou ao longo desses dois meses.

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De qualquer forma, importante não perdermos de vista o que está se desenhando nessa reta final: a eliminação das três últimas mulheres da Casa nos próximos paredões, sobrando apenas os cinco cuecas que transpiram virilidade para a disputa do prêmio. Como continuar acreditando nessa narrativa de que eles são uns pobres coitados injustiçados, se só vão sobrar eles pra contar a história? Como acreditar nisso, sendo que eles nunca correram o menor risco de serem eliminados em nenhum dos paredões?

Continuarei a acreditar na genialidade da minha amiga e no seu coração generoso, atributos que conheço dos meus vários anos de convívio com ela, não dos compilados de vídeos do BBB. Continuarei a lembrar também do quanto ela foi importante, nesses dois meses dentro da Casa, para fazer com que o debate sobre questões trans ganhasse outro patamar por aqui. Continuarei a lembrar da amizade improvável que ela construiu com a Naiara Azevedo, amizade que simboliza a possibilidade de convivermos pacífica e amorosamente com gente que pensa (ou acha que pensa) diferente da gente — esse sim um grande ensinamento da Lina, essencial para pensarmos os próximos rumos desse país.

Com prêmio ou sem prêmio, a Lina sairá desse BBB muito maior do entrou. Nós também crescemos pela oportunidade de conviver com ela ao longo desses meses. Agora, com relação às tretas dela com o Clube do Bolinha, sinceramente, eu tenho mais o que fazer... tou mais interessada nas conversas que ela tem com as comadres, nas reflexões dela sobre a potência das nossas fragilidades, nos alertas dela para não deixarmos que adjetivos como "raivosa" nos reduzam, nos contenham.

A gente tem muito a aprender com essa mulher.

Obs: Sim, voltei a ser uma das passadoras de pano oficiais da Linn da Quebrada, só estava precisando lembrar dos motivos que tinham feito eu me candidatar a essa vaga antes do BBB começar.

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