Caso Evandro: policial acusado de tortura foi brutalmente assassinado no interior do PR

Valdir Copetti Neves assinou o relatório da Operação Magia Negra.

Se você acompanhou o podcast do "Projeto Humanos" ou a série documental da Globoplay sobre o "Caso Evandro", vai se lembrar do momento em que a história tem uma reviravolta após os então suspeitos do crime revelam que só confessaram terem sequestrado e realizado um ritual satânico com o menino de 6 anos após terem sido submetidos a sessões de tortura.

Reprodução

"Por que que eu assinei essa confissão? Eu assinei para não morrer", diz Davi dos Santos Soares, um dos sete acusados pelo crime, em episódio da série documental. "Eu nunca contei, meu marido nunca soube, meus filhos nunca souberam", diz Celina Abagge na sequência.

Reprodução/Globoplay

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O responsável por comandar essas sessões de tortura teria sido o então capitão da Polícia Militar do Paraná na época, Valdir Copetti Neves, que chefiava o Grupo ÁGUIA, braço da PM paranaense que tinha o objetivo combater o crime organizado e foi enviado a Guaratuba para as investigações sobre o sumiço de crianças na cidade no início dos anos 90.

Cedoc RPC

Em 1992, um dossiê feito pelo Conselho Municipal da Condição Feminina de Curitiba denunciou os episódios de tortura sofridos por Celina e Beatriz Abagge. Segundo o documento, as mulheres foram submetidas a sessões de afogamento, choque elétrico, e estupro, por exemplo. Na série da Globoplay, outros acusados do crime, como Osvaldo Marcineiro, também citam Copetti Neves como o responsável pelas torturas. O ex-PM sempre negou as acusações.

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Natural do município de Sengés, no interior do Paraná, Copetti Neves fez boa parte da vida na cidade de Ponta Grossa (PR). Foi lá que, em outubro de 2018, o ex-tenente coronel da PM foi encontrado morto, aos 64 anos, dentro de um carro, próximo a porteira da fazenda em que morava. Segundo a imprensa local, o ex-PM foi executado com pelo menos 13 tiros.

Reprodução/Projeto Humanos

Em 2020, um dos responsáveis pelo crime, Efrem Anufriev, mais conhecido como "Russo", foi preso pela Polícia Militar. Atualmente, além dele, outros três homens estão presos acusados pelo crime: Valdemar Anufriev, Vanderlei de Mello e Hector Rafael Garcia. De acordo com o que a PM divulgou na época, a motivação do crime teria sido uma possível dívida que Valdemar tinha com Copetti, já que os dois tinham relações anteriores ao crime.

Reprodução/SBT

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Anos antes, em 2009, Copetti Neves havia sido condenado a 18 anos e 8 meses de reclusão e à perda do cargo na polícia pelos crimes de tráfico internacional de armas e formação de quadrilha.

Reprodução/Terra de Direitos

Em 2005, ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal por formar milícias armadas para proteger fazendeiros de ocupações do MST. Naquele ano, durante a operação Março Branco, da Polícia Federal, Copetti Neves e outras sete pessoas foram presas. No cumprimento de busca e apreensão, os policiais encontraram 16 armas de fogo e várias munições. Na época, a PF informou que escutas telefônicas indicavam que as armas vinham do Paraguai. 

Márcia Kalume/Agência Senado

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