PF pede mais tempo para investigar repasse de R$ 9 mi a empresa de Lula
Inquérito foca em palestras do ex-presidente pagas por empreiteiras envolvidas nos desvios da Petrobras. Pedido de mais prazo partiu de delegado que deixou a Lava Jato na última sexta.
A Polícia Federal pediu mais tempo para concluir a investigação sobre os repasses de 9,4 milhões para a empresa de palestras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Yasuyoshi Chiba / AFP / Getty Images
O dinheiro saiu de seis empreiteiras sob investigação por envolvimento no esquema de desvio da Petrobras ou de estatais do setor elétrico: Odebrecht, Camargo Corrêa, UTC, Queiroz Galvão e OAS.
As empreiteiras também realizaram doações para o Instituto Lula.
O ex-presidente nega que os pagamentos tenham sido uma espécie de propina disfarçada em troca de favores no governo federal.
O pedido de mais prazo foi apresentado pelo delegado Eduardo Mauat da Silva, um dos três delegados que deixaram a Lava Jato.
Mauat deixa a investigação do petrolão para voltar ao Rio Grande do Sul.
Em nota, a PF negou que a Lava Jato esteja sendo "desmanchada". Os outros dois delegados que deixam os postos são Luciano Flores, responsável por interrogar Lula durante a coerção coercitiva em março que vai trabalhar nas Olimpíadas, e Duílio
A investigação do dinheiro das palestras foi interrompida em maio, quando este e outros inquéritos que investigam o ex-presidente, foram remetidos ao STF (Supremo Tribunal Federal) por causa das interceptações telefônicas que captaram conversas de Lula com autoridades detentoras de foro, como a então presidente Dilma Rousseff.
Em junho, o ministro Teori Zavascki, relator das ações no STF, invalidou o grampo em que Dilma combinava com Lula a sua nomeação na Casa Civil e devolveu todos os inquéritos para o juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná.
A força-tarefa da Lava Jato mantém outras investigações sobre supostos favores feitos por empreiteiras do petrolão a Lula.
Reprodução/Polícia Federal
- As obras pagas pela OAS e pela Odebrecht em um sítio de Atibaia (SP) frequentado pelo ex-presidente. A Andrade Gutierrez, controladora da Oi, é suspeita de instalar uma antena de celular nas imediações do imóvel.
- A reforma e a compra de uma cozinha planejada para um apartamento tríplex que estava reservado ao presidente em um edifício no Guarujá. Os pagamentos foram feitos pela OAS.
- A OAS também custeou a guarda e conservação do acervo de Lula em depósitos da Granero, em São Paulo.
O que diz a defesa do ex-presidente:
- A defesa do ex-presidente nega que ele tenha se beneficiado de recursos ilícitos. Lula afirma que nunca foi proprietário do sítio em Atibaia, apenas tendo-o frequentado.
- No caso do tríplex, a defesa afirma que as cotas do edifício Solaris, iniciado pela Bancoop e concluído pela OAS, não resultaram em negócio. Marisa Letícia, mulher do ex-presidente, desistiu da opção de compra antes da conclusão do edifício.
- O Instituto Lula afirma que a entidade recebeu doações lícitas, registradas e contabilizadas para cuidar do acervo do ex-presidente, assim como executar projetos de cooperação internacional.