Paulo Gustavo morreu de uma doença para a qual existe vacina. Paulo Gustavo morreu de Brasil.
No país que recusou 11 ofertas de vacinas desde 2020, Paulo Gustavo poderia ter continuado a fazer história
O país tenta assimilar a perda de Paulo Gustavo.
Divulgação
A morte do humorista, sempre tão cheio de vida, foi um golpe enorme na cultura do país. Recordista de bilheteria no teatro e no cinema, o ator foi mais uma vítima da covid.
Aos 42 anos, Paulo Gustavo sucumbiu a uma doença para a qual há vacina. E é impossível não politizar o que lhe ocorreu - e também há mais 400 mil pessoas, que tiveram a vida abreviada.
Vale lembrar que publicamente, por meio de redes sociais, o presidente chegou a dizer que não compraria a Coronavac.
Reprodução/Facebook
Ou seja: Paulo Gustavo poderia ter sido vacinado antes de contrair o coronavírus.
Não é segredo para ninguém que o combate ao coronavírus não parece ter sido prioridade desse governo.
O presidente já surgiu sem máscaras inúmeras vezes e se posicionou contra o isolamento social. Também classificou a pandemia como "uma gripezinha".
Remédios sem eficácia comprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) chegaram a ser comprados e recomendados pelo Ministério da Saúde.
Faltaram insumos para vacinas e medicamentos para intubação.
Bolsonaro estimulou aglomerações em Brasília e em viagens pelo Brasil.
E o pior: não pediu desculpas ou lamentou o enorme número de mortes.
O Brasil não merecia ficar sem Paulo Gustavo.
Perdemos um de nossos maiores humoristas.
Perdemos um ícone LGBT que normalizou o afeto homoafetivo na TV, no cinema e no teatro.
Perdemos um pai de família.
Perdemos a chance de rir e esquecer de nossas dores com o seu humor.
Paulo Gustavo não morreu de covid.
Paulo Gustavo morreu de Brasil.