7 pontos para entender a guerra entre Rússia e Ucrânia

Para entender a raiz da tensão entre Rússia e Ucrânia é necessário voltar quase 100 anos no tempo, quando os dois países faziam parte da extinta União Soviética.

Nos primeiros anos de URSS, a Ucrânia tinha certa autonomia. O território – o segundo maior da Europa – era conhecido por ser um grande produtor de cereais. Mas isso mudou com a chegada de Stalin ao poder e a diminuição dessa "liberdade".

Nesse período, houve um empobrecimento do país, quando pequenos proprietários de terra passaram a ser perseguidos pelo governo. Foi nessa época que milhões de ucranianos morreram de fome. Desde 1991, com o fim da URSS, a Ucrânia é um país independente.

O clima é tenso na fronteira entre os dois países desde 2014. Foi neste ano que a Rússia anexou ao seu território a região da Crimeia.

Lembra do mapa acima? A Crimeia possui uma intensa identificação étnico-cultural com os russos. Pois, bem, a crise 2014 deu origem a um intenso conflito no leste da Ucrânia.

Isso provocou o surgimento de grupos separatistas pró-Moscou, que estabeleceram duas repúblicas independentes – não reconhecidas nem pelo governo ucraniano nem pelo resto do mundo – , que são as Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk. Ambas têm, entretanto, o apoio da Rússia.

Desde o fim do ano passado, a Rússia enviou mais de 100 mil militares com tanques e armas pesadas para a fronteira com a Ucrânia.

O movimento foi visto pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e pelos Estados Unidos como uma ameaça de invasão ao país vizinho.

Desde então, Moscou vinha negando a possibilidade e alegando que os soldados estão na região para exercícios militares.

Além disso, a Ucrânia acusa os russos de fornecer armas aos separatistas pró-Rússia que vivem na região da fronteira. O Kremlin nega.

Com o fim da URSS, a expectativa dos russos era de que a Otan, criada na Guerra Fria sob o comendo dos EUA, fosse diluída.

Mas isso não aconteceu. E pior, países que antes faziam parte da União Soviética, como Lituânia, Letônia, Estônia, Hungria e Polônia entraram para a Otan.

Desde 2008 há a possibilidade de a Ucrânia aderir à organização é o que motiva a crescente tensão no Leste Europeu. E isso é algo que o presidente russo, Vladimir Putin, não aceita.

No fim do ano passado, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia exigiu que a Otan retirasse "formalmente" o combinado de 2008, que abriu o caminho para a adesão da Ucrânia e da Geórgia à organização, que não aceitou o pedido.

A primeira das exigências do presidente russo para baixar a tensão é que a Ucrânia desista de tentar aderir à Otan.

“A melhor solução para essa questão seria que as autoridades em Kiev se mantivessem na neutralidade e desistissem de entrar na Aliança”, disse Putin, nesta terça-feira (22), durante coletiva de imprensa.

Na visão dele, eventual aproximação da Ucrânia com o Ocidente pode gerar uma guerra para recuperar a Crimeia.