Papa Francisco disse que apoia a união civil entre pessoas do mesmo sexo

“Se essa é uma afirmação pública de que pessoas do mesmo sexo merecem – e que a Igreja não mais tentará impedir – o reconhecimento jurídico de seus relacionamentos, obviamente é um divisor de águas no mundo todo”, disse uma participante de um grupo católico LGBTI+.

Alberto Pizzoli / Getty Images

Após a Igreja Católica passar décadas tentando reprimir a igualdade matrimonial, o papa Francisco declarou aprovar a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

“Precisamos criar uma lei sobre união civil. Dessa forma, as pessoas estarão juridicamente protegidas”, afirmou o papa Francisco ao falar sobre como poderia ajudar pessoas LGBTI+ em um novo documentário, segundo a Catholic News Agency, uma agência de notícias relacionadas ao catolicismo. “Eu defendi isso.”

“Homossexuais têm o direito de fazer parte de uma família”, disse o papa. “Eles são filhos de Deus e têm o direito a uma família. Ninguém deveria ser abandonado ou ser obrigado a viver infeliz por causa disso.”

O novo documentário de Evgeny Afineevsky, intitulado Francesco, estreou no Festival de Cinema de Roma na quarta-feira e é centrado em como o papa ajuda as comunidades carentes.

Seus comentários no filme marcam a primeira vez em que o papa Francisco defendeu abertamente proteções jurídicas para relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo enquanto pontífice.

Em 2003, a Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano – então sob a liderança do cardeal Joseph Ratzinger, que posteriormente tornaria-se o papa Bento XVI – declarou que o “reconhecimento jurídico de uniões homossexuais ou colocá-las no mesmo nível do casamento significaria não apenas a aprovação de um comportamento anormal, com a consequência de torná-lo um modelo na sociedade moderna, mas também obscureceria os valores básicos que pertencem ao patrimônio comum da humanidade”.

Há relatos de que o papa Francisco já havia apoiado as uniões civis, mas de modo reservado, em 2010, quando ele era o arcebispo de Buenos Aires e o país estava aprovando leis sobre igualdade matrimonial, mas esses rumores foram contestados.

O papa nunca apoiou o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou o reconhecimento oficial de relacionamentos homossexuais pela Igreja.

Após essa notícia, ativistas LGBTI+ católicos falaram com entusiasmo sobre a novidade, mas ainda demonstrando certa hesitação.

“Se essa é uma afirmação pública de que pessoas do mesmo sexo merecem – e que a Igreja não mais tentará impedir – o reconhecimento jurídico de seus relacionamentos, obviamente isso um divisor de águas no mundo todo”, disse Marianne Duddy-Burke, diretora-executiva da DignityUSA, uma organização LGBTI+ católica, ao BuzzFeed News.

Mas apesar de Duddy-Burke ter afirmado que esses comentários “são muito importantes”, ela deseja que o papa esclareça o que realmente quis dizer.

“Acho que isso desencadeará diversas emoções, de júbilo a ceticismo, dentro da comunidade gay católica”, afirmou ela. “Será que isso é algo que será ‘esclarecido’ pelo Vaticano nos próximos dias?”

O Vaticano não respondeu ao pedido de comentário do BuzzFeed.

Francis DeBernardo, diretor-executivo do New Ways Ministry, um grupo de defesa LGBTI+ católico, disse “acolher com gratidão” os comentários do papa, apesar de também esperar que o papa reconheça esses relacionamentos dentro da própria Igreja.

“É um momento histórico quando o líder da Igreja Católica, há muito considerada uma opressora de pessoas LGBTI+, assume uma posição de apoio a casais homossexuais e suas família”, afirmou DeBernardo.

“Não é exagero dizer que com essa declaração o papa está protegendo não apenas casais e famílias LGBTI+, mas também está salvando vidas LGBTI+”, disse De Bernardo.

Francesco estreará nos EUA no domingo, no Festival de Cinema de Savannah.

Este post foi traduzido do inglês.

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