Os 7 melhores episódios de séries em 2020

De um casamento em "Schitt's Creek" a um episódio de outro mundo de "Lovecraft Country", aqui estão nossas escolhas para os melhores episódios de séries de TV de 2020.

"A Mula" — "Better Call Saul" (AMC)

Greg Lewis / AMC/Sony Pictures Television

Saul (Bob Odenkirk)

Eu não sou um homem complicado. Eu gosto de poder, violência e coisas simples e bem feitas. É por isso que "A Mula", o oitavo episódio da quinta temporada de "Better Call Saul", me agradou tanto.

O enredo não é tão complexo: um homem viaja para o deserto para pegar sacolas de dinheiro. Outros homens fazem uma emboscada para ele. Um herói intervém. O homem e o herói devem sair do deserto a pé. O protagonista é incapaz de impedir o que está por vir. A violência é quase sua ruína e também sua graça salvadora.

É uma hora que não pede ao espectador para pensar. Ela o obriga a sentir.

Podemos sentir o calor do deserto, pois cada frame reluz. Os viajantes se sentem pequenos, pois coisas irrelevantes — um cacto, uma nota de dinheiro esvoaçante — ocupam grandes espaços. A morte parece iminente, pois a pele descama e os lábios racham.

Pessoas mais inteligentes do que eu certamente podem desconstruir essa série de formas mais sutis. "Breaking Bad" (a série da qual ela se originou) é trazida à memória; atuações enormes de Rhea Seehorn (Kim Wexler), Michael McKean (Chuck McGill) e Tony Dalton (Lalo Salamanca), que é uma estrela de cinema de primeira classe, se é que eu já vi uma; e uma quantidade impressionante de construção de mundos.

Mas, como alguém que busca entender o poder, ou a falta dele, a violência e suas muitas formas, e as coisas simples bem feitas, "A Mula" foi a melhor hora da televisão em 2020. — Anthony Cormier

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"O Espaço para Todos" — "Challenger: Voo Final" (Netflix)

NASA

A explosão do ônibus espacial Challenger de 1986 foi um evento monumental, mas poucos detalhes sobre como e por que isso aconteceu estão arraigados na memória pública. O documentário da Netflix "Challenger: Voo Final" investiga as falhas sistêmicas que levaram a uma tragédia nacional.

No Episódio 1, os criadores Steven Leckart e Glen Zipper tramam as apostas humanas e políticas do programa de ônibus espaciais. Eles capturam a euforia das pessoas que estão indo para o espaço pela primeira vez, mas também a precariedade disso. As realidades das pressões aplicadas pelo governo Reagan estão magistralmente entrelaçadas com a empolgação que os americanos abraçaram quando a NASA anunciou que uma professora iria ao espaço para transmitir o que ela aprendeu aos seus alunos.

A série cumpre suas promessas e investiga uma história com a qual alguns espectadores não estão familiarizados. Ele apresenta uma imagem clara da apreensão da Era Espacial e do trauma coletivo que se seguiu, um tema relacionável a um mundo que está passando por um trauma coletivo próprio 34 anos depois. — Jane Lytvynenko

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"Quando Estiverem Prontos" — "The Good Place" (NBC)

NBC

Eleanor (Kristen Bell)

Saber quando terminar uma série amada por seus fãs pode ser uma decisão agonizante para a equipe criativa de uma série. Terminar essa série com um episódio sobre saber quando terminar tudo é um feito totalmente diferente.

O episódio final de "The Good Place" viu os quatro ex-protagonistas humanos da série passarem eternidade após eternidade vivendo seus sonhos. Depois de chegarem com sucesso ao céu (o real desta vez), cada um deles atinge a verdadeira serenidade até que, um por um, eles silenciosamente compreendem que sua felicidade é absoluta e que é hora de seguir em frente. Isso significa inerentemente o fim de amizades e relacionamentos, o que para Eleanor (Kristen Bell) prova ser o mais difícil. Mas ela — e nós — logo percebemos a beleza extraordinária em sua conclusão natural.

Certamente, "The Good Place" perdeu a mão em suas divagantes terceira e quarta temporadas, mas esse episódio final magistral apagou qualquer receio anterior que eu tinha sobre a série. Fiquei com o episódio na cabeça por dias depois de assistir a ele. Foi tão inesperadamente comovente e reflexivo, tão perfeitamente afinado em tom e tão profundo — algo que nunca pensei que diria sobre uma comédia de televisão.

Muitas vezes me perguntei se "The Good Place" era uma das obras de arte definidoras da era Trump. A ideia de que existem pessoas poderosas secretamente nos colocando uns contra os outros e nos abusando psicologicamente pareceu particularmente ressonante nos últimos anos. Mas no final, a série era muito mais do que isso.

"The Good Place" era sobre como navegamos pela verdade em mundos imperfeitos que estão gradualmente se colapsando. Era sobre a solidão de acordar em uma sociedade que você não reconhece e na qual você sente que pode não pertencer, mas depois trabalhar com outras almas perdidas para melhorar sua posição nesse mundo — ou, na falta disso, moldar seu caminho juntos para novos. Era sobre todas as vidas tendo valor e todas as ações tendo significado, sobre segundas chances e aprender com seus erros, sobre redenção. E, finalmente, era sobre libertar-se. — David Mack

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"Ego Death" — "I May Destroy You" (HBO)

Natalie Seery / HBO

Arabella (Michaela Coel)

Do início ao fim, a série de Michaela Coel sobre um grupo de negros londrinos da geração Y e como eles lidam com namoro, consentimento e trauma tem sido alternadamente comovente, hilário e totalmente imprevisível. O último episódio foi uma aula magistral sobre como terminar uma série com moderação, cuidado e nuance.

Arabella (Coel) é uma escritora de certa forma caótica de vinte e poucos anos com um prazo a ser cumprido e que está com um caso grave de bloqueio criativo. Uma noite fora com os amigos resulta em ela acordar na manhã seguinte com um corte na testa e nenhuma lembrança do que aconteceu na noite anterior. Ao longo da série, ela descobre que foi drogada e estuprada em um bar. Seus dois melhores amigos, Kwame, um instrutor de fitness queer, e Terry, uma atriz em ascensão, tentam ajudá-la a superar seu trauma com maior ou menor êxito enquanto eles também lutam com seus próprios demônios pessoais.

No episódio final (spoilers), Arabella aparentemente consegue o que queria. Depois de ficar de olho no bar onde foi estuprada, ela avista os homens que a estupraram e tem a oportunidade de se vingar. Três cenários se desenrolam: dois deles em modo de suspense vingativo, o último cenário talvez o mais confuso de todos — Arabella e seu estuprador vão a um encontro e fazem sexo amoroso e consensual.

Mas então descobrimos que eram apenas fantasias. Arabella não volta para o bar. Ela nunca encontra os homens que a estupraram. Ela escreve seu livro. Ela se cura. Ela segue em frente.

É uma conclusão devastadora, mas profundamente otimista. Muitas vítimas desse tipo específico de abuso sexual nunca descobrem quem são os agressores, e a série faz alusão a isso sem que a história fique incompleta. Terminei a série admirada com as virtudes consideráveis de Coel. Mal posso esperar para ver o que ela fará. — Tomi Obaro

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"I Am" — "Lovecraft Country" (HBO)

Eli Joshua Ade / HBO

Hippolyta (Aunjanue Ellis)

"Lovecraft Country", uma série de ficção científica/terror que estreou na HBO em agosto, estranhamente parece uma afirmação para os negros, apesar da sanguinolência, dos monstros e dos fantasmas. Suas ricas histórias de fundo estão repletas de tragédia e dor que os negros americanos enfrentaram em todo o país durante os anos 50. Juntamente com a nuance que molda seus personagens, a série traz uma visão renovada dos negros no gênero de terror. Os personagens de "Lovecraft Country" são mais do que personagens secundários bidimensionais com os quais (ou apesar de) coisas acontecem — suas vidas, personalidades e interesses estão intimamente ligados aos seus episódios, tornando-os pessoas totalmente desenvolvidas com emoções e vidas que devem ser vistas e ouvidas.

Isso é o que faz de "I Am" um dos melhores episódios da série — e do ano. A maior parte do episódio foca em Hippolyta Freeman (Aunjanue Ellis), esposa do falecido George Freeman (Courtney B. Vance). Hippolyta passou a maior parte de sua vida adulta sendo esposa de George e mãe da filha deles Dee (Jada Harris), nunca explorando totalmente seus interesses em matemática e astronomia. Após a morte de George, Hippolyta segue pistas para uma máquina do tempo multidimensional através da qual ela se transporta por engano para um novo mundo onde lhe pedem que ela se dê um nome. A jornada pitoresca que se segue para encontrar seu nome leva Hippolyta a uma viagem de autodescoberta — através da Paris dos anos 20, onde ela se apresenta no palco com Josephine Baker (Carra Patterson), encontra uma antiga tribo de guerreiros onde ela aprende a lutar por si mesma e a se tornar uma exploradora do espaço, onde realiza os sonhos que suprimiu de cuidar de sua família.

O episódio é uma carta de amor ao feminismo e ao afrofuturismo que estilística e tematicamente parece mais um filme de arte retirado das páginas da poesia de Eve L. Ewing ou do álbum "When I Get Home" de Solange, em vez de uma série centrada no tormento dos negros nas mãos da sociedade e das ordens mágicas ocultas.

Durante um ano que tem parecido particularmente pesado para os negros, e para as mulheres negras em particular, uma série de TV que enxerga plenamente as mulheres negras — suas esperanças, sonhos, lutas e triunfos — foi como uma mudança positiva. Há vários episódios de TV que eu revejo com frequência — quase todos eles são alguma forma dos negros atuando como uma versão autêntica de si mesmos — e, no final da jornada de Hippolyta, eu sabia que voltaria a me equilibrar física, emocional, mental e energeticamente. — Ryan Brooks

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"Happy Ending" — "Schitt’s Creek" (CBC, Pop TV)

Pop TV

Johnny (Eugene Levy), Moira (Catherine O'Hara), David (Dan Levy), Patrick (Noah Reid), Stevie (Emily Hampshire) e Alexis (Annie Murphy)

Assim como David Rose (Dan Levy), meu casamento também foi arruinado este ano. Passei semanas de mau humor por ter que cancelar devido à COVID-19, então a cena de abertura do episódio final da série "Schitt's Creek" foi mais que relacionável, quando David grita "Merda, merda, merda, merda", enquanto ele processa tudo que deu errado em seu grande dia.

Mas algumas cenas e vários surtos de David depois, o casal feliz está professando seu amor infinito um pelo outro. O casamento foi lindo, comovente e divertido — mesmo que não tenha sido o que David planejou. O que importava no final das contas era que David estava cercado por sua família — aquela em que ele nasceu, assim como sua escolhida.

Eu assisti ao episódio final me entregando à autopiedade profunda. No final, o episódio me ajudou a aprender a lidar com as circunstâncias adversas.

Então, se um dia eu der a festa de casamento que eu queria e alguém se vestir como uma Alexis (Annie Murphy) e aparecer usando um vestido de noiva literal, eu vou ficar bem com isso.

Em um ano em que nada tem feito sentido, deixo vocês com esta citação de Moira Rose (Catherine O’Hara) do episódio: "É quase impossível explicar por que as coisas acontecem do jeito que acontecem. Nossas vidas são como pequenos corvos carregados por um vento estranho. E tudo o que podemos desejar, para nossas famílias, para aqueles que amamos, é que o vento nos coloque em solo firme." — Mary Ann Georgantopoulos

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"Zoey's Extraordinary Dad" — "Zoey e a Sua Fantástica Playlist" (NBC)

James Dittiger / NBC / NBCU Photo Bank

Zoey (Jane Levy) e Mitch (Peter Gallagher)

Quando comecei a assistir a "Zoey e a Sua Fantástica Playlist", achei que seria uma maneira alegre de passar algum tempo em um ano estressante. Afinal, trata-se de uma comédia musical veiculada na rede de televisão durante a qual as pessoas começam a cantar espontaneamente.

Mas durante a primeira temporada da série, ela combinou essas explosões cômicas com olhares mais aprofundados sobre temas mais substanciais, como identidade, doença, luto e morte.

Tudo isso se junta no episódio final. A primeira metade do episódio tem brincadeiras no local de trabalho e apresentações de músicas escritas por artistas como John Legend e Nick Jonas. Mas a segunda metade (alerta de spoilers) é completamente diferente em termos de tom, já que segue a morte do pai de Zoey (Jane Levy), Mitch (Peter Gallagher), de complicações causadas pela paralisia supranuclear progressiva.

Eu chorei na primeira vez que ouvi Gallagher cantar "Lullabye (Goodnight, My Angel)", de Billy Joel, com seu filho e sua nora grávida na tela. Eu chorei pelo filho não nascido de seu filho e pelo meu próprio, os quais não conhecerão seus avós.

Mas foi a cena final, o despertar de Mitch, filmada em uma única tomada enquanto todo o elenco canta "American Pie", de Don McLean, que tornou o episódio tão bom. A cena é etérea e comovente, e o que "Zoey e a Sua Fantástica Playlist" faz de melhor: usar a música para expressar exatamente o que precisa ser dito. — John Templon

Este post foi traduzido do inglês.

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