Okamotto admite que pediu dinheiro a OAS para armazenar acervo de Lula

Presidente do Instituto Lula afirmou que não vê crime no pedido de recursos. "Que empresa do Brasil não tem relação com o governo?"

O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, afirmou nesta quinta-feira que pediu ajuda da OAS para guardar o acervo do ex-presidente. "Eu realmente pedi para a OAS. Se isso for um crime, me fala qual é a pena porque eu tenho de cumprir", disse o petista, em entrevista.

Henrich Aikawa/Instituto Lula

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Ele foi denunciado ontem pelos procuradores da Lava Jato por lavagem de dinheiro. De acordo com a denúncia, a OAS pagou pelo armazenamento do acervo em galpões de uma transportadora como forma de entregar uma propina ao ex-presidente.

Okamotto contou, depois do discurso de Lula em São Paulo, que pediu, a princípio, que a OAS cedesse espaço em um de seus galpões de construção. "Eles falaram que o galpão são usados temporariamente e depois que terminam as obras, eles são devolvidos. Então eu disse: dá para ajudar a pagar, porque a Granero para fazer um contrato de locação que tivesse garantias. Tinha que ter uma pessoa que ganhasse um dinheiro suficiente para garantir um aluguel de R$ 21 mil", disse ele.

O petista disse ainda que fez o contrato em seu nome para guardar a parte do acervo multimídia, que precisava de um ambiente controlado, mas que não tinha recursos para manter o aluguel de todo o acervo. "O outro material, que são essas milhares de cartas e lembranças, artesanato, minha ideia era tirar rápido de lá".

Okamotto disse que tal material seria colocado em uma universidade, mas que não deu certo; e que o prazo de uso dos galpões da Granero se estendeu porque o instituto estava se decidindo sobre o que faria com o acervo. Ele disse que o acervo seria colocado no Memorial da Democracia, um projeto de Lula cuja cessão do imóvel por parte da prefeitura de São Paulo foi suspensa pelo Ministério Público.

Questionado sobre o aluguel ser um pagamento de propina, ele respondeu: "Propina do quê? Para mim, nunca falaram comigo que era propina. Era um pagamento feito para manter um acervo que tem, teoricamente, uma finalidade cultural, de preservar a memória".

Okamotto disse que procurou a OAS e não se incomodou de ser uma construtora com contratos com o governo federal, que acabava de ser deixado pelo ex-presidente Lula. "Que empresa no Brasil não tem relação com o governo?"








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