Oito coisas que você provavelmente não sabia sobre lúpus

Pode ser lúpus sim.

1. Médicos costumam dizer que é como se o lúpus não fosse só uma doença, mas várias.

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O lúpus é uma doença autoimune sistêmica. O que isso significa? Ouvido pelo BuzzFeed Brasil, Marcelo Pavan Paiva, reumatologista do Hospital Villa-Lobos, da Rede D’Or São Luiz, explica que em doenças autoimunes o sistema de defesa do corpo passa a reconhecer partículas e células dele mesmo como se fossem estranhas e deflagra uma reação contra essas células.

"O significado de ser sistêmica é que pode acometer todos os sistemas do organismo, ela não fica restrita a um órgão, tecido ou sistema só", diz Marcelo. É por esse motivo que lúpus pode parecer mais de uma doença ao mesmo tempo.

2. Geralmente os pacientes buscam ajuda por apresentarem manchas na pele, principalmente no rosto, que pioram com o sol, além de sentirem dores articulares e febres.

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São algumas pistas, mas o diagnóstico é difícil e depende de uma série de exames, geralmente de sangue. "Normalmente a pessoa chega na consulta com eritema facial e dores articulares e daí você vai fazendo exames sugestivos e conclusivos. Você leva em conta o quadro clínico e os exames alterados", diz Paulo Olzon Monteiro da Silva, infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em entrevista ao BuzzFeed Brasil.

Quando um paciente com estes sintomas vai ao ambulatório ou ao pronto socorro ele pode até receber ajuda médica para aliviar os sintomas, mas deve ser encaminhado para um reumatologista.

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3. As manifestações de lúpus são tão variadas que dois pacientes podem ter a doença com sintomas completamente diferentes.

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Existem dois tipos de lúpus. O lúpus eritematoso discoide é cutâneo e se restringe a pele e couro cabeludo. Já o lúpus conhecido como LED, o lúpus eritematoso disseminado ou sistêmico, pode acometer diversas partes do corpo, como cérebro, coração, pulmão, rins, aparelhos digestivos, o sistema hematológico (o sangue), articulações, além de também contar com manchas na pele. Mas não existe uma regra de quais deles podem ser acometidos ou de que forma – e algumas podem ser, inclusive, assintomáticas.

"O lúpus é polimorfo e tudo depende do lugar que atinge, mas ele pode atingir mais de um setor e de várias formas", explica Paulo Olzon. "A gente pode ter um paciente com lúpus com artrite, anemia e alterações laboratoriais, e outro com lesão de pele e nefrite. Também é lúpus, mas com sistemas diferentes", diz Marcelo Pavan.

4. Até este momento não descobriram por que as pessoas têm lúpus.

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Houve uma suspeita anos atrás de que a doença fosse provocado por vírus, mas segundo o infectologista ela não se comprovou. Também foi descartado que seja uma doença de ordem genética, segundo Paulo.

O que se sabe é que o lúpus costuma ser mais frequente em pessoas de pele branca, especialmente em mulheres em idade fértil, e que outras doenças também podem ajudar a desencadear o lúpus. O que não quer dizer que pessoas fora destes grupos não possam ter a doença.

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5. Existe a possibilidade de mulheres com lúpus serem mães.

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Exatamente porque o lúpus costuma acometer mulheres em idade fértil, engravidar enquanto a doença está ativa traz muitos riscos. Mas uma vez que a doença esteja em remissão e a mulher não esteja tomando medicamentos entre seis meses e um ano, existe a possibilidade da gestação, explica o reumatologista Marcelo. A decisão, é claro, precisa ser pensada também em conjunto com o ginecologista.

6. O nome lúpus vem de uma lesão na face comum da doença que faz lembrar um lobo.

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Como já explicamos neste post, o lúpus pode dar lesões na pele, especialmente em regiões expostas ao sol, como no rosto. Esta mancha comum ao rosto costuma ter a forma de uma asa de borboleta, mas também pode ser considerada uma mancha similar ao desenho da face dos lobos – e é daí que vem o nome da doença, explica o especialista Paulo Olzon.

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7. O lúpus ainda não tem cura, mas é uma doença que pode ser controlada.

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Por enquanto, o lúpus não tem cura. Mas, segundo o reumatologista Marcelo, o tratamento do lúpus se revolucionou e melhorou muito nas últimas décadas e os pacientes conseguem ter uma qualidade de vida muito boa, até mesmo nas formas mais graves da doença.

O médico explica que existem remédios que ajudam a induzir a remissão, a ausência de sintomas e que evitam ataques autoimunes. "Em uma porcentagem significativa em remissão a pessoa pode até tirar o remédio", diz o médico.

8. Pode ser lúpus sim.

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Caso você seja fã do seriado "House", certamente já ouviu a expressão "não é lúpus". "É um brincadeira, porque o que a gente fala para os alunos é que sempre pode ser lúpus", diz Marcelo. Como é uma doença que pode se manifestar em vários órgãos, sempre pode haver a suspeita da doença.

A estimativa é que cerca de 5 milhões de pessoas no mundo tenham a doença, segundo a Lupus Foundation of America. "Quando falamos que é uma doença rara, as pessoas não pensam no diagnóstico. Mas ela não é rara, é apenas incomum", afirma Marcelo.

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