O que NÃO fazer no Carnaval!

Pensar que vestir-se como uma mulher no carnaval é fantasia, além de ser machista, é desrespeitoso com as pessoas trans.

Quando olhamos para essas "fantasias" usadas principalmente por homens cis héteros, vemos, em geral, a hispersexualização feminina, e a associação com funções do lar, quase sempre de maneira sensual, reforçando a ideia da mulher como um objeto sexual.

Além disso, em um país machista e desigual como o nosso, colocar uma identidade de gênero como "fantasia" só atrapalha a luta por igualdade.

O tema é polêmico e divide opiniões, mas é fato que ao se "fantasiar de índio" pessoas reforçam estereótipos, tratam os indígenas como seres mitológicos e extintos, além de contribuírem com a hipersexualização das mulheres indígenas.

Pintar o rosto e ou o corpo de tons escuros para imitar uma pessoa preta não é fantasia nem homenagem, é racismo. A prática conhecida como blackface é antiga, e associada à ridicularização de pessoas negras para o entretenimento de brancos. 

O povo "rom", mais conhecido como "cigano", está ligado a um intenso histórico de marginalização e preconceito. Em geral, as fantasias que remetem a esse grupo, que possui cultura e identidade própria, reduzem a cultura do povo cigano a uma bandana com lantejoulas douradas.

Não pratique fetiche racial, não objetifique mulheres (isso de forma geral), e não resuma pessoas às suas etnias e traços.

"A forma como a mulher asiática é representada na indústria de entretenimento (incluindo a pornografia), tida como exótica, submissa, hiperfeminina, infantilizada, influencia muito em como a sociedade nos vê. Um é produto do outro", destaca o texto "Mulheres de Desconforto", publicado no Medium por Cecilia Inamura de Moraes.

Um traço da anatomia, como os olhos puxados, não é acessório de Carnaval. Pintar o rosto de branco faz parte da indumentária das gueixas tradicionais, não é uma fantasia. Apropriação cultural não é algo engraçado.

Lembre-se, tudo o que vem depois do não é assédio - e estar bêbado não é desculpa.

Por fim, não deixe de ser responsável! No Carnaval, use camisinha! Previna-se de infecções sexualmente transmissíveis e evite a gravidez indesejada!