O elenco de "Orange Is The New Black" responde às suas perguntas

Uzo Aduba (Suzanne), Taylor Schilling (Piper), Laverne Cox (Sophia), Natasha Lyonne (Nicky) e Danielle Brooks (Taystee) falaram com o BuzzFeed sobre a série e como a Presidência de Donald Trump nos EUA pode afetar Litchfield.

Estamos em um quarto de hotel no centro de Londres, esperando para entrevistar o elenco de "Orange Is the New Black" e fazer as suas perguntas. Depois de 10 minutos, chega uma pilha de croissants.

Estamos confusos. Não pedimos croissants. Ninguém pediu. O assistente do hotel não quer nem saber. Eles só precisam de uma assinatura pelos croissants. Então nosso diretor de arte, Tim, assina e os deixamos no canto.

Depois, Laverne Cox, Uzo Aduba e Danielle Brooks entram no quarto (Natasha Lyonne e Taylor Schilling foram entrevistadas separadamente mais tarde). O cheiro agora é de uma agradável padaria francesa. E Laverne vai direto para os croissants — descobre-se que eles são dela. Ela os encomendou especialmente para o nosso quarto porque ela sabia que estava indo para lá.

Vamos às perguntas...

Se vocês pudessem conversar com suas personagens e lhes dar um conselho, qual conselho dariam? — Sam, por e-mail.

BuzzFeed UK

"Você tem tudo o que precisa."

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Laverne Cox (Sophia): Que conselho eu daria à minha personagem? Bem, eu começaria com, acho que foi na 3ª temporada, quando ela se envolveu com Gloria, eu estava tipo: "Não brigue com a Gloria (Selenis Leyva). Não ignore as latinas porque isso vai te ferrar, garota". Porque isso foi o início de toda a espiral que levou Sophia a ser atacada e, basicamente, não ter ninguém ao seu lado.

Myles Aronowitz / Netflix

Cena da 5ª Temporada de "OITNB".

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Danielle Brooks (Taystee): Eu acho que diria à Taystee... Ela saiu da prisão na 1ª temporada, então, na 1ª temporada, eu diria: "Você tem tudo o que precisa". E é isso o que eu diria a ela. Eu falaria para ela: "Você sabe mais do que acha que sabe".

E eu simplesmente a incentivaria a ficar fora da prisão... mas estou feliz por ela estar na prisão, não me entenda mal. Isso mantém meu emprego. [risos]

Uzo Aduba (Suzanne): Se eu tivesse que dizer alguma coisa à Suzanne, eu provavelmente diria a ela para continuar sendo ela mesma.

Natasha Lyonne (Nicky): Não se meta em confusão, garota! E você? [olhando para Taylor] Você diria: "Não seja uma maldita supremacista branca, esse é o meu conselho". [risos]

Taylor Schilling (Piper): Eu acho que meu conselho seria ouvir. Realmente ouvir.

Quantas caixas de lenços eu precisarei para assistir à próxima temporada? — KatByrdie

BuzzFeed UK

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TS: Três? Quatro?

NL: Acho que é o suficiente.

Os flashbacks em alguns episódios nos dão uma visão da origem de suas personagens. Isso ajuda vocês? — David, via e-mail.

BuzzFeed UK

"Eu me lembro de assistir à história de Suzanne e ficar 'ah, meu Deus' — porque nós não sabíamos."

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NL: Eu aprendi muito com a história de Nicky, particularmente sua situação com a mãe, o tipo de dependente química que ela é. Eu acho que, especialmente com o vício em drogas, existe a ilusão de que essas pessoas são "descoladas" ou algo assim. Existe um elemento de derrota no verdadeiro vício que eu acho que está bem refletido na história de Nicky e que me ajuda a entender a não interpretá-la como alguém que é, tipo, uma pessoa durona.

Nicky é está procurando um propósito. Ela está presa em um loop existencial, basicamente.

TS: Muitas vezes, quando você tem um roteiro que é uma peça de teatro ou um filme, você tem um começo, um meio e um fim para criar a personagem. Mas, na série, você descobre novas informações que podem contradizer o que você criou. Nada pode ser muito sólido, e isso é muito empolgante, pois eles continuam lançando essas "bombas" no enredo.

NL: É divertido e complicado. Porque você fica, tipo, ah, agora que eu tenho que... encontrar uma nova maneira de fazer tudo isso ter sentido.

Netflix

Piper descobrindo que seu pai estava tendo um caso.

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TS: Eu lembro que tinha algo sobre o pai da Piper ter um caso e eu nunca me atentei a isso, mas foi realmente interessante descobrir essa nova informação e entrelaçá-la em algo que já havia sido criado.

DB: Muitas vezes eu queria ter sabido disso antes, entende? Mas as escritoras sabem o que estão fazendo e você tem que confiar nelas e no que escreveram, mas, para mim, eu gostaria de ter essa informação com antecedência...

LC: Com certeza. É divertido para mim, ver as origens. Eu me lembro de assistir à história de Suzanne e ficar "ah, meu Deus" — porque nós não sabíamos. Nós não sabíamos como você terminou na prisão, então, como espectadora, sou fã da série e fã do seu trabalho. Eu simplesmente adoro descobrir mais.

Jojo Whilden / Netflix

Cena da 5ª Temporada de OITNB.

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Eu acho que, não sabendo, você tem que deixar isso para a imaginação, e o não saber também pode ser divertido. Porque, de repente, você fica, tipo, então isso não precisa estar certo.

Estou em um momento agora, como artista, em que eu realmente não quero mais estar em um espaço de vamos entender isso. Vamos apenas nos situar em um espaço onde podemos interpretar e fazer escolhas que sejam, pelo menos, verdadeiras no momento.

Mas minha origem apareceu muito cedo na série também. A história de Sophia foi, literalmente, o terceiro episódio desta série, então eu recebi muita informação sobre quem Sophia era muito cedo. E isso foi muito útil.

Netflix

Da esquerda para direita: Taystee (Teeka Duplessis), Suzanne (Taliyah Whitaker), Nicky (Clara Oudin) e Piper (Clare Foley).

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Muitos dos flashbacks apresentam vocês quando crianças. Vocês já se surpreenderam com o quão elas se parecem com vocês? — KP, via e-mail

UA: Sim! Houve a Suzanne de 5 anos e depois a Suzanne de 12 anos. Eu adorei ver a liberdade da garotinha de 5 anos interpretando Suzanne daquela forma, e extraí parte dessa energia e do que ela conseguia transmitir para minha própria atuação.

Então, quando vi a Suzanne de 12 anos, foi muito interessante assistir a alguém estudar e examinar seu trabalho. Ela era incrível. Realmente inacreditável.

DB: Eu me lembro de assistir ao vídeo de audição dela.

UA: Sim! Ela sabia como nos impressionar.

DB: Tivemos uma Taystee pequena, e ver o seu desabrochar... É muito gratificante e inspirador sentir como se você estivesse influenciando a próxima geração de atores — esses bebês que têm sonhos, assim como você tinha quando era pequena, e você os vê se concretizarem. É muito legal sentir a sua influência dessa forma, seu trabalho sendo refletido em alguém de 8, 12 ou 10 anos. Isso é fantástico.

LC: Quero uma Sophia bebê agora. [os outras riem]

UA: Mas todas nós tivemos outra pessoa que nos interpretou.

Netflix

O irmão de Laverne Cox, M Lamar, em um flashback.

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LC: Verdade. Meu irmão interpretou minha personagem antes da transição.

DB: Isso é muito raro.

UA: Incrível.

DB: Eu lembro quando me disseram isso. Eu fiquei, tipo: "O quê? Isso nem sequer foi planejado! Eles nem sabiam que você tinha um irmão gêmeo!".

LC: Quando me escolheram, não sabiam que eu tinha um irmão gêmeo. Eu consegui o trabalho e veja só. Isso é poder. Basta você levar ao universo e acreditar.

BuzzFeed UK

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TS: Era muito doce a garota que eles escolheram para me interpretar. Ela era muito mais gentil do que eu era quando criança. Ela era gentil, tinha uma alma gentil. Quem eles escolheram para você?

NL: Shirley Temple [atriz norte-americana que nasceu em 1928 e morreu em 2014], graças aos hologramas gerados por imagem de computador! Eu fiquei muito feliz por ter ela, que presente. Uma jovem atriz muito talentosa, e é incrível o que eles conseguem fazer [com a computação].

TS: Ah, interessante.

NL: E você sabe que a história de Nicky é que ela era uma ótima cantora e dançarina, quando criança.

TS: “The Good Ship Lollipop”.

NL: Teve muita coisa de “Good Ship Lollipop” que eles fizeram. Eu não vi o episódio, mas aparentemente Jenji [Kohan, criadora da série] me disse que foi um dos melhores episódios.

Existe algum personagem com quem vocês gostariam que suas personagens compartilhassem mais cenas? — Tom, via e-mail.

BuzzFeed UK

"Nós ficamos juntas em um quarto, mas nunca tivemos uma cena juntas, e eu fiquei, tipo, ah, meu Deus!"

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DB: Existem muitos!

LC: Existem mais de 100 personagens na nossa série, então há muitas pessoas com as quais nunca faremos cenas juntas. Eu estaria dando um alerta de spoiler dizendo que Suzanne e eu estamos juntas em uma cena em uma próxima temporada. Nós ficamos juntas em um quarto!

UA: Esta temporada? Cinco? Sim, sim, sim, sim, sim!

Netflix

Caputo (Nick Sandow)

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LC: Nós ficamos juntas em um quarto, mas nunca tivemos uma cena juntas, e eu fiquei, tipo, ah, meu Deus!

DB: Obviamente, há muitas pessoas com as quais seria incrível colaborar, mas é legal refletir sobre as pessoas com as quais pudemos trabalhar, e, para mim, trabalhar com Nick Sandow, que interpreta o Caputo, foi um sonho. Ele até mesmo dirigiu um episódio nesta temporada.

Como você vê a Presidência de Donald Trump afetando as detentas em Litchfield? — cjaycregg

UA: O que Jenji faz perfeita e lindamente é imitar a realidade: o momento em que estamos vivendo, as circunstâncias culturais e os obstáculos que estamos tentando superar...

Acho que seria impossível para Jenji ignorar tempos como este, onde temos tantas coisas problemáticas, como o andamento do nosso país (EUA) e como estamos tratando as pessoas e considerando ou classificando-as como "outras".

Eu sei que ela tem interesse em usar sua voz, então podemos ver algo se desenvolver, porque não há nenhuma desconexão entre o Executivo do nosso governo e o nosso sistema prisional. Os dois estão entrelaçados.

LC: Houve várias reformas na área de justiça criminal durante a última administração, certo? Mas hoje vemos o governo tentando reverter essas políticas... Será interessante ver como esses eventos do mundo real, que realmente afetam diretamente as prisões, podem ou não influenciar nossas escritoras e a Jenji.

DB: O que eu também aprecio sobre a série é que eu sinto, tipo, especialmente na 5ª temporada, que ela mostra que mesmo que você não tenha os recursos, mesmo que pareça que você não saiba o que está fazendo — já que essas mulheres estão na posição de não saber realmente o que estão fazendo nesse tumulto —, você é capaz. Você pode dar um jeito de se envolver e fazer parte.

Netflix

Cena da 5ª temporada de "OITNB".

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Para mim, é muito legal fazer parte de uma série que está mostrando pessoas, essas mulheres, que estão tentando economizar recursos, que nem sabem como usar iPads ou mídias sociais ou qualquer outra coisa assim, mas a voz delas importa, e elas estão mostrando isso e fazendo algo a respeito. E eu só espero que o mundo dê atenção a isso, especialmente os jovens, ou os mais velhos também, quem acha que não sabe como se envolver. E, para mim, adoro uma série que é ativa em dizer e fazer algo com uma voz e uma plataforma como essa.

Você acha fácil assistir à série de volta e, se você faz isso, você assiste de uma só vez? — Hannah Baillie, via Facebook

BuzzFeed UK

"Nós teríamos que sentar e assistir a 60 horas de TV."

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TS: Você está falando com as garotas erradas. Nós duas. Nós duas temos uma filosofia semelhante. Há muitas pessoas na nossa série que realmente assistem ao seriado. Eu sei que você [Natasha] teve uma conversa com a Jenji e começou a assistir a série novamente.

Mas eu sinto que, para nós duas, o instinto é não assistir ao trabalho. Eu realmente não gosto muito de me ver trabalhar, mas isso está mudando. Mas temos feito isso há seis anos, então estou tentando mudar isso um pouco. Não tentando, propositalmente, mas é interessante voltar e assistir às coisas. Eu assisto às coisas de forma muito seletiva. Na verdade, isso não me satisfaz muito. Eu não aprendo muito.

NL: É particularmente difícil de assistir. São muitas horas assistindo a si mesma. Se não fosse estranho o suficiente assistir a um filme em que você está atuando — pelo menos no filme você não tem como mudar, de certa forma.

Em uma série de TV, o fato de nós duas não termos começado a assisti-la... neste momento teríamos que nos sentar para uma maratona estrelando nós mesmas.

TS: Quantos episódios? Foram cinco temporadas. Teríamos que nos sentar para assistir a 60 horas de TV, entende?

Três palavras para resumir a próxima temporada. laurent4828f30ba

BuzzFeed UK

"Desafie o poder."

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LC: Para mim, foi "hash tag resistência".

DB: "Desafie o poder".

LC: "Desafie o poder". Está bom para mim.

As respostas foram editadas por questões de espaço e clareza. Laverne Cox levou todos os seus croissants com ela no final da entrevista.

A 5ª temporada de "Orange Is the New Black" estreou na Netflix no dia 9 de junho no mundo todo.

Laura Gallant / Tim Lane / BuzzFeed

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Este post foi traduzido do inglês.

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