O caso de Kathlen Romeu é absurdo, revoltante – e comum

Não existe bala perdida.

Reprodução

As fotos de Kathlen Romeu se espalharam pela internet brasileira nas ultimas horas. São absolutamente lindas. Mas a divulgação ocorreu pelo pior dos motivos. 

Grávida aos 24 anos, Kathlen foi assassinada enquanto caminhava com sua avó pelo bairro Lins de Vasconcelos, Zona Norte do Rio de Janeiro. Ela não resistiu a um projétil disparado enquanto policiais e grupos armados se enfrentavam nos arredores. 

Revoltante, a história enfureceu moradores locais - que tomaram a Autoestrada Grajaú Jacarepaguá - e comoveu celebridades: responsáveis por divulgar imagens de Kathlen redes à dentro. 

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A história é ainda pior do que parece, porque ela é injustificavelmente repetitiva, como mostram dados do Instituto Fogo Cruzado:

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A verdade é que Kathlen possui todas as principais comorbidades no Brasil hoje: ser negra e pobre. Por isso a história dela é tão repetidamente dolorida. As balas perdidas parecem ser teleguiadas para quem parece com ela. 

Um estudo da Rede de Observatórios de Segurança Pública prova isso. Os dados mostraram que 86% dos mortos em operações policiais no RJ são negros. 

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Isso vai de encontro com outro dado absurdo. Na cidade onde Kathlen foi assassinada, o CEP é uma bomba relógio. A expectativa de vida em bairros pobres chega a ser 29 anos menor do que em áreas da elite, na Zona Sul.

E o problema não é só no Rio.  

No Brasil, uma pessoa tem três vezes mais chances de ser assassinada se tiver mais melanina no corpo. 

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