Novas versões de Ariel, Sininho, Hércules e Elsa provam o óbvio: artistas negros podem fazer qualquer personagem (e você sabe o motivo de isso não acontecer)

Uma industria racista mostrando sinais de mudança.

Seja em filmes live-action ou no teatro, a Disney finalmente está colocando artistas negros em papeis principais.

O estúdio, que comemora 100 anos em 2023, tem em seu acervo um número esmagador de protagonistas brancos. E o motivo é bem óbvio.

Embora muitas das histórias dos clássicos Disney sejam ambientadas na Europa, não há outro motivo, além do racismo, que justifique décadas de personagens brancos.

Buscar títulos majoritariamente vindos da cultura ocidental e europeia já é um recorte racista. E essa visão excludente fica ainda mais evidente ao vermos personagens de contos de fadas e de histórias fantasiosas serem retratados sempre com a pele branca - quando poderiam ser de qualquer cor.

Publicidade

Prova disso são os atores negros recentemente escalados para interpretar, em versão live-action, personagens que nas animações são brancos.

Isso tem chamado atenção para três pontos bastante óbvios: a etnia dos atores não compromete o entendimento ou contexto (inclusive geográfico) das histórias, há um público imenso ansioso para se ver representado na tela, e a decisão de sempre entregar o protagonismo à pessoas brancas - e excluir os pretos desse lugar - era puro e simples racismo de uma industria que cristalizou em várias gerações a ideia de que o lugar de destaque pertence ao branco.

"A Pequena Sereia", versão live-action da animação de 1989, tem uma Ariel negra (Halle Bailey), e essa é a primeira vez que uma princesa Disney muda de etnia: Aurora, Cinderela e Bela eram brancas no desenho e continuaram brancas em carne e osso nos filmes lançados nos últimos anos.

reprodução

O filme foi além ao colocar as irmãs de Ariel vividas por atrizes com diferentes etnias e ascendências. Nada disso altera a história original da sereia que quer ser humana. O filme foi um sucesso, arrecadando U$569 milhões de dólares em bilheteria e está disponível no Disney Plus.

Publicidade

Veja o trailer do filme aqui:

Em "Peter Pan e Wendy", que estreia no Disney Plus este ano e está disponível na plataforma, a atriz Yara Shahidi interpreta a fadinha Tinker Bell, que já apareceu em carne e osso em outros filmes, sendo vivida por Julia Roberts em "Hook: A Volta do Capitão Gancho" (1991), e pela francesa Ludivine Sagnier em "Peter Pan" (2003).

reprodução

Yara é a primeira atriz negra a representar Tinker, e também a mais fiel à versão da animação da Disney, com vestido verde e cabelo preso em um coque.

Publicidade

Aqui a Yara sendo maravilhosa com a boneca dela mesma:

Uma versão de "Hércules" (1997) adaptada para o palco esteve em cartaz nos EUA, deve chegar à Broadway em breve. O protagonista é vivido por Bradley Gibson, que tem a voz que se espera em um musical, o carisma do personagem e os músculos dele.

reprodução

Embora a história se passe na Grécia antiga, ter um ator negro no musical é apenas uma das liberdades que a Disney tomou ao criar a trama da peça, baseada na mitologia grega, mas bem pouco fiel a ela. O espetáculo estreia em março na Alemanha e o ator principal de lá também é negro.

Publicidade

Mais imagens do espetáculo aqui:

E finalmente, uma versão brasileira de Elsa, para "Frozen in Concert", esteve em São Paulo em abril com a atriz Letícia Soares interpretando as canções da protagonista - o evento era uma exibição do filme com música ao vivo, e deixou o público na expectativa de o musical adaptado da animação vir para cá.

divulgação

Letícia interpretou, nos palcos, duas personagens de Whoopi Goldberg, nos musicais "Mudança de Hábito" e "A Cor Púrpura", além da princesa Disney que conhecemos como uma mulher branca. Porém, a voz potente e o carisma da atriz entregam exatamente a Elsa que o público espera.

Publicidade

Aqui Letícia dando uma palinha:

Veja também