David Card vence Nobel de Economia e, de quebra, desmente Paulo Guedes
A desculpa de que subir o salário mínimo aumenta o desemprego não cola mais.


Andressa Anholete/Getty Images
O Nobel de Economia acaba de ir na contra-mão do nosso ministério de mesmo nome. Os mais novos vencedores da premiação, David Card, Joshua D. Angrist e Guido W. Imbens, foram laureados por conseguirem mapear situações de causa e efeito em políticas econômicas.
Entre os estudos estão pesquisas que desmentem falas do nosso ministro da Economia, Paulo Guedes.
Quem desmentiu Paulo Guedes foi um dos laureados: David Cards, da Universidade da Califórnia.


UC Berkeley/Divulgação
Em um de seus estudos, Card conseguiu provar que aumentar o salário mínimo não aumenta o desemprego de uma região.


Divulgação
“Você está no meio de uma crise de emprego terrível, todo mundo desempregado. Se você dá um aumento de salário, você vai condenar as pessoas ao desemprego. Então, nós temos que ter cuidado”, afirmou Guedes na época.


Andressa Anholete/Getty Images
Card, no entanto, provou que isso não é necessariamente verdade. O pesquisador estudou, em detalhes, redes de fastfood de Nova Jersey e Pensilvania. Os dois estados americanos fazem fronteira e possuem características muito parecidas, mas o primeiro aumentou seu salário mínimo, enquanto o segundo não.


Sergei Bobylev\TASS via Getty Images
Mesmo focando em pessoas diretamente afetadas pelo aumento do valor, como é o caso dos funcionários de Fast Food, Card constatou que o desemprego dos dois estados manteve níveis extremamente parecidos, desmontando a ideia de que o aumento do salário que impulsionava demissões.


Glow Images / Getty
Ah sim, vale lembrar que Guedes não precisava estar super por dentro das descobertas econômicas para saber do assunto. O estudo foi feito em 1990, e nas últimas duas décadas é discutido no Mundinho Economistas™.


Andressa Anholete/Getty Images
Desde 2019, o governo Bolsonaro não ajusta o salário mínimo para condizer com a inflação.


Andre Borges/NurPhoto via Getty Images
O governo, inclusive, já estipulou que para 2022 isso se repetirá mais um vez.


Andre Borges/NurPhoto via Getty Images