Casos de assédio no futebol precisam ser discutidos
Neymar sentiu no bolso o peso da segunda acusação que recebeu.

A Nike cancelou seu contrato com Neymar, informou uma reportagem publicada pelo Wall Street Journal nesta quinta (27). Segundo Hilary Krane, conselheira da empresa, isso teria acontecido após o jogador brasileiro não colaborar com as investigações no caso de uma acusação de assédio que partiu de uma funcionária da própria Nike.


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A autora da denúncia, que trabalha na parte de logística da Nike, afirmou que Neymar tentou forçá-la a fazer sexo oral em seu quarto de hotel durante uma viagem do jogador a Nova York. Um porta-voz de Neymar enviou uma nota ao Wall Street Journal negando a acusação: "Neymar Jr. se defenderá vigorosamente contra esses ataques infundados caso alguma reclamação seja apresentada, o que não aconteceu até agora".
Não é a primeira vez que o jogador é acusado de assédio. Em 2019, a modelo brasileira Najila Trindade acusou o atleta de estupro – que teria acontecido num quarto de hotel em Paris. O processo acabou arquivado por falta de provas. Hoje, com a nova denúncia, o nome de Najila voltou a entrar nos Trending Topics do Twitter com todo tipo de piada ofensiva.
Já a funcionária da Nike, que sequer tornou pública sua acusação, também passou a ser escrachada nas redes sociais. Inclusive, ganhou até um apelido insensível: "Najila 2".
É curioso como as autoras dessas denúncias são sempre lembradas, mas o caso de jogadores que assediaram mulheres são esquecidos.


Danilo Di Giovanni/Colaborador/Getty Images
Ou ainda pior. Em 2009, Cristiano Ronaldo confessou ter estuprado uma mulher, mas tudo que saiu na imprensa em 2018, quando o caso repercutiu, foi o fato de ele ter "admitido" que a vítima disse "não" e "pare". Se você diz não a uma relação sexual que mesmo assim acontece, é estupro. Não há outro nome. Mas o mundo todo fechou os olhos. Isso foi esquecido. Tanto que o jogador português continua na ativa, com patrocinadores e cheio de fãs.
Outros casos, como do jogador Robinho, do técnico Cuca e do goleiro Bruno, que foram julgados culpados pela Justiça, repercutiram e incomodaram na época, mas os três seguem suas carreiras normalmente.
Obviamente, toda acusação deve ser investigada e não cabe a sociedade julgar quem é ou não culpado. Mas vale uma reflexão: por que é que, mesmo quando esses jogadores ricos e famosos são culpados, continuam suas carreiras com tanta facilidade? Será que o estupro e o assédio são tão banais assim?