“Não existe substituto para o contato humano”, diz CEO da Apple

Em entrevista exclusiva ao BuzzFeed News, Tim Cook diz que investirá em longo prazo na realidade aumentada (aquela do Pokémon Go) em vez da realidade virtual, aposta do Google e Facebook.

Jun Tsuboike / BuzzFeed

Quando se trata de realidade aumentada e realidade virtual, a Apple é tipicamente — e inevitavelmente — inescrutável. Enquanto vários de seus maiores concorrentes, incluindo o Google e a Microsoft, já mostraram suas estratégias de realidade aumentada e realidade virtual, a Apple se mantém fechada em copas. No entanto, numa entrevista ao BuzzFeed News Japão durante uma visita a Tóquio, Cook esclareceu um pouco a estratégia da empresa, sugerindo que a Apple está mais interessada na realidade aumentada porque a tecnologia pode intensificar e alargar as experiências humanas.

“Não existe substituto para o contato humano”, disse Cook. “E queremos que a tecnologia seja um incentivo para ele.” Não é a primeira vez que Cook sugere que a Apple favorece a realidade aumentada. “Estamos apostando alto nela no longo prazo”, disse Cook numa conversa com analistas financeiros em meados do ano. “Acho que a realidade aumentada pode ser enorme.” Enorme, de fato — basta olhar para o sucesso repentino e explosivo do jogo Pokémon Go, o exemplo mais conhecido da tecnologia.

As declarações de Cook vêm depois de uma série de movimentações de bastidores da Apple no campo da realidade aumentada. Em 2013, a empresa adquiriu a PrimeSense, companhia por trás dos sensores de captura de movimento usados na versão original do Kinect, o acessório do videogame Xbox. Em maio de 2015, a empresa comprou a alemã Metaio, também especializada na área. Meses depois, a Apple adquiriu a Faceshift, companhia responsável pela tecnologia de captura de movimentos usada em “Star Wars”. Neste ano, a Apple contratou Yury Petrov, que trabalhava na divisão Oculus, do Facebook. Zeyu Li, ex-Magic Leap, será o “engenheiro-sênior de algoritmos de visão computadorizada” da Apple. (A Magic Leap é a start-up que enxerga um mundo em que baleias aparecem no meio de quadras de basquete.)

Enquanto isso, a Apple vai reunindo silenciosamente as peças do que pode se provar um valioso ecossistema de realidade aumentada. O iPhone 7 Plus é um computador poderoso, com tela capaz de exibir uma vasta gama de cores e um sistema de duas câmeras capaz de capturar dados estereoscópicos e gerar mapas de profundidade com aplicações muito mais interessantes que o efeito bokeh/“Portrait” demonstrado no evento de lançamento, em setembro. O Apple Watch é um aparelho equipado com acelerômetro e GPS. Os novos fones de ouvido sem fio AirPod são essencialmente um par de microcomputadores minúsculos, capazes de detectar movimento – eles contam com o chip W1 (da própria Apple), dois acelerômetros, dois sensores ópticos, dois microfones direcionais e uma antena. E a loja iTunes representa um enorme sistema de distribuição de conteúdo. De acordo com fontes ouvidas pelo BuzzFeed News, a empresa vem se reunindo com companhias especializadas em conteúdo imersivo, como a Jaunt.

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O único elemento que falta é uma estratégia para unir todas essas peças — e ela está cada vez mais aparente. Em suas declarações públicas, Cook parece sugerir que a Apple vê mais promessa nas experiências reais aumentadas pela tecnologia digital que nas criações fantásticas que hoje são o foco de Google, Facebook e outros.

“Acho que a realidade virtual tem algumas aplicações interessantes, mas não acredito que seja uma tecnologia [de adoção] tão ampla como a realidade aumentada”, explicou Cook. “Vai demorar um pouco até que se acerte o ponto da realidade aumentada, mas acho que ela é [uma tecnologia de impacto] profundo. Poderíamos ter uma conversa mais produtiva se nós dois tivéssemos uma experiência de realidade aumentada aqui, certo? Então acho que coisas desse tipo são melhores quando são incorporadas sem se tornar um obstáculo na nossa conversa ... Queremos que a tecnologia amplifique, em vez de ser uma barreira.”




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