Para quem ainda não entendeu o fenômeno RBD, aqui estão os motivos de o grupo ser tão relevante e icônico

Eles são muito mais do que pop latino romântico.

A etapa brasileira da "Soy Rebelde Tour" acabou e já deixou saudades. Os fãs ficaram tão satisfeitos que querem mais e já subiram para os trending topics do X/Twitter o termo "RBD 2024". Será que vem mais por aí? 

Recentemente, uma análise publicada no G1 revoltou fãs por chamar o grupo mexicano de "lixo", e dizer que eles eram um pop romântico latino inofensivo e sem relevância. Para o público, as músicas do RBD divertem, empoderam e esbanjam alto astral, mas a relevância deles vai muito além do repertório. 

Para quem ainda não entendeu a "rebeldemania" que tomou o Brasil nos últimos dias, fizemos uma lista que revela os motivos de o RBD ser tão incrível.

Publicidade

Um grande sucesso entre o público mais carente:

Divulgação

O RBD surgiu em uma novela que no Brasil foi exibida na TV aberta (SBT), e atingiu principalmente as classes C, D e E. Para comparar, na mesma época acontecia outro fenômeno jovem, o "High School Musical", que pegou os públicos A e B, já que era um produto da TV por assinatura (Disney Channel). Por falta de grana, muitos fãs de "Rebelde" não conseguiram ir aos shows de 2006-2008, mas consumiram o grupo com RGs dos personagens, cards e covers. A "Soy Rebelde Tour" teve muitos relatos de pessoas que, nesses 15 anos, entraram no mercado de trabalho, ganharam o dinheiro necessário e realizaram o sonho antigo de ver seus ídolos. Para muita gente foi mais do que um show, foi uma conquista pessoal. 

Último fenômeno antes das redes sociais:

Divulgação

O RBD fez sucesso antes do Instagram, TikTok, Spotify, WhatsApp e YouTube estarem ao alcance de todo mundo - ou sequer existirem. Eles "viralizaram" de maneira orgânica, a partir da novela, de mídia física (CDs, revistas. etc) e do amor passado de um fãs para outro. Eles não "engajavam" expondo a vida pessoal ou criando polêmicas, não usufruíam do marketing de influência e não contavam o sucesso em seguidores, plays ou streams.

Publicidade

Nunca tiveram apoio da mídia especializada, da Globo e das rádios:

Eles foram criticados desde sempre e raramente tocavam nas rádios. Por serem parte de uma novela do SBT, nunca apareceram na Globo - ou seja, as principais janelas de contato com o público nunca estiveram abertas para o RBD. E ainda assim conquistaram seus fãs. A fidelidade das pessoas foi mais relevante do que a máquina da indústria musical. 

Se dedicaram muito para conquistar o Brasil:

O RBD é o grupo / artista internacional que fez a maior turnê pelo Brasil: em 2006 eles fizeram show em 12 capitais. Ao romper com o eixo Rio - São Paulo, mostraram dedicação para chegar até o seu público. E mesmo quando estavam bombando nos EUA e Europa (além do México), gravaram clipe e DVDs aqui, com material todo customizado - no DVD "Live in Rio" eles vestem as cores da bandeira e chamam ao palco uma escola de samba. 

Publicidade

Romperam a barreira da língua:

Sabendo da dificuldade de músicas em língua espanhola emplacarem no Brasil, o RBD chegou a gravar versões em português de três dos seus álbuns, mas os fãs preferiram as canções originais, rompendo assim uma barreira linguística que existe até hoje e conquistando um espaço que poucos artistas conseguiram - entre eles Shakira e Ricky Martin.

Três mulheres juntas em uma época em que a rivalidade feminina bombava:

Diego Bargas

Anahí e Dulce dividiam igualmente o protagonismo da novela e a liderança da banda. Maite, apesar de secundária no folhetim e nas músicas, sempre teve seu espaço e foi ganhando destaque. E se Mia e Roberta eram rivais, as integrantes do grupo sempre mostraram ser grandes amigas, esbanjando sororidade. Parece comum hoje, mas em 2006 a rivalidade feminina ditava o mundo pop. 

Publicidade

O RBD tinha um integrante LGBT quando quase ninguém ousava sair do armário:

Christian Chávez se assumiu gay em 2007, no auge do RBD. Nessa época não tínhamos drag queen superstars nem outros exemplos LGBTs jovens e bem sucedidos. Christian não só levantou essa bandeira, como a relação entre ele e o restante do grupo seguiu intacta, numa época em que pessoas LGBTQIA+ sofriam ainda mais exclusão e bullying do que hoje.

Seguiram se apoiando após a separação:

Reprodução

Os fãs sabem que os integrantes do RBD sofreram com contratos que não os favoreciam. Por isso, ainda que estivessem no auge, o grupo optou por se separar antes que a situação comprometesse a saúde e a amizade deles. Nos anos seguintes, desmostraram respeito e afeto uns pelos outros, e não há relatos de fofocas, troca de farpas e competição quando todos saíram em carreira solo. Para a "Soy Rebelde Tour", a decisão de Poncho não voltar para o grupo foi respeitada, e ele demonstrou publicamente seu apoio pelos colegas que voltavam aos palcos. 

Publicidade

Amam o Brasil - e mostram isso:

As demonstrações de afeto pelo Brasil na "Soy Rebelde Tour" foram impressionantes. Ainda que eles tenham falhado ao se apresentar apenas no Rio de Janeiro e em São Paulo - o que poderiam corrigir em breve 👀 - no palco, adaptaram os figurinos para as cores da nossa bandeira, falaram em português, homenagearam alguns artistas nossos e esbanjaram amor. Que outro artista gringo tem uma relação tão íntima com a gente? 

Voltaram falando abertamente sobre idade, saúde mental e autoaceitação:

Divulgação

Os shows do RBD sempre tiveram momentos defendendo a paz, a amizade e o amor (próprio, inclusive). Quinze anos depois, essas mensagens se tornaram mais autênticas, com relatos sobre a passagem do tempo, já que todos estão na faixa dos 40 anos, e saúde mental (Dulce falou sobre encontrar forças nos fãs quando se sentia sozinha e Anahí estampou em sua roupa a frase "vocês me salvaram"). Mas foi Christian quem ostentou autoaceitação ao usar figurinos que romperam as barreiras de gênero e disse em cada apresentação que cada um deveria "ser você mesmo".

Publicidade

Veja também