Só se lembram da gente em junho

No Mês do Orgulho as pessoas LGBTQIA+ são celebradas. Mas e depois?

Estamos em junho, também conhecido como o Mês do Orgulho LGBTQIA+. Até hoje, poucos sabem que a escolha desta data marca um momento histórico para comunidade e que não se encerra depois de um único mês.

Foi durante os Movimentos de Contracultura em junho de 1969 que vivenciamos o início da Rebelião de Stonewall, um momento crucial para a garantia de direitos à liberdade sexual e de gênero que se perpetuou ao longo de diversas décadas até os dias de hoje.

Desde então, junho se tornou um mês marcado pelas grandes Paradas do Orgulho LGBTQIA+, por publicidades mais inclusivas, eventos mais diversos, marcas mais coloridas e palestras mais plurais.

Enquanto os demais meses do ano seguem sendo de invisibilidade, de discriminação e de violência à comunidade.

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Numa cultura onde tudo gira em torno do lucro, a LGBTfobia não importa tanto quanto a crescente preocupação das empresas pelo desenvolvimento do consumo ideológico e consciente.

Pesquisas demonstram que o processo de tomada de decisão do consumidor envolve diversos aspectos, sendo um dos principais deles a identificação e admiração por determinadas marcas. 

“O ano de 2020 está provando que as empresas precisam criar um diálogo e pensar primeiro nos clientes. 25% dos consumidores que participaram da Pesquisa Global Marketing Trends realizada pela Deloitte, afirmam que se afastaram de marcas que, de acordo com sua percepção, estavam agindo apenas por interesse próprio", afirma Guilherme Evans, sócio de Customer & Marketing da Deloitte.


Diante disso, o poder de compra da população LGBTQIA+ passou a gerar mais interesse no mercado, e falar de DIVERSIDADE se tornou uma tendência para a evolução de determinados segmentos.

Por isso é comum vermos algumas marcas, que sequer contratam pessoas LGBTQIA+, se assumirem como diversas para garantir sua parcela de grana. 

Entretanto, não quero nesta publicação falar diretamente sobre "pink money", visto que pretendo explorar melhor esse tema nas próximas semana. Mesmo assim quero te atentar, já neste início de mês, para as possíveis contradições de determinadas marcas. O apoio de iniciativas a favor da diversidade jamais deve ser algo pontual, pois não somos LGBTQIA+ apenas no mês de junho, né? 

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Precisamos de iniciativas que vão além da REPRESENTATIVIDADE da nossa orientação sexual ou identidade de gênero. Queremos que as propagandas deste Mês do Orgulho se transformem em uma plataforma anual de conscientização, inclusão, promoção de equidade social e profissional de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, queer, intersexuais, assexuais e demais identidades ou sexualidades.

O nosso orgulho vai além de um único mês pois integramos a sociedade de múltiplas formas e devemos ser lembrados durante o ano todo, em todos os anos. Então, antes de você, pessoa cis e hétero, se manifestar a favor da diversidade, se questione sobre que tipo de mudança você está de fato promovendo e que vai além de um discurso bonito. Nunca se esqueça que a inclusão é o único caminho para um futuro melhor. 

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