Maria Gal: "Há, ainda, quem ache que não existe racismo no Brasil, ignorando uma verdade concreta"

Atriz estreia o talk show "Preto no Branco", na BandNews, com objetivo de ampliar o debate racial.

Você provavelmente conhece Maria Gal por causa de novelas como "As Aventuras de Poliana", no SBT. Mas, agora, a atriz está prestes a mostrar um outro lado: vai estrear como apresentadora do "Preto no Branco", que irá ao ar toda quinta-feira, às 23h30, na BandNews.

Thiago Bruno/Divulgação

Com equipe majoritariamente negra, o programa quer trazer para a discussão a questão racial no Brasil. A ideia para o talk show surgiu após o brutal assassinato de George Floyd, vítima de violência policial, nos Estados Unidos.

O Buzzfeed Brasil procurou Maria Gal para conversar sobre o projeto, que estreia nesta quinta (26).

Como a morte do George Floyd fez nascer esse projeto?

Thiago Bruno/Divulgação

Depois do assassinato, eu comecei a fazer apresentações e palestras para algumas empresas e o que eu tinha de retorno era de que havia uma necessidade e uma vontade de ter um letramento maior, mais informações sobre a pauta racial, justamente por causa desse mito da democracia racial. Eu senti a necessidade de ter um talk show como esse, para trazer informação e letramento para a sociedade. Inspirada no "The Oprah Conversation".

Também surgiu a partir do entendimento de que precisou ter uma situação tão cruel como essa, nos EUA, para que o mundo e o Brasil se mobilizasse, sendo que aqui a cada 23 minutos morre um jovem negro. Precisou dessa fatalidade para que falássemos disso. Lembrando que ainda falamos de uma bolha. Há, ainda, quem ache que não existe racismo no Brasil, ignorando uma verdade concreta, ignorando dados.

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Porque demorou tanto para termos um programa com equipe majoritariamente preta? 

Thiago Bruno/Divulgação

Temos um setor do audiovisual com enorme invisibilidade negra por trás das câmeras e também de roteiristas, diretores, criadores. Não pela falta de profissionais, mas pela falta de oportunidades. Estudos mostram que um líder ou diretor negro aumenta as chances de ter mais negros na equipe. Vai haver mais oportunidade de forma intencional. É um setor extremamente rico e complexo, mas traz o racismo muito entranhado em sua cultura.

Como se dá a escolha das pautas? 

Thiago Bruno/Divulgação

Quando pensei nos temas dos episódios, fiz um exercício e cheguei a 20 temas. Nessa primeira temporada teremos seis, porque tive de fazer escolhas. Elas têm a ver com o momento que estamos vivendo no Brasil. Vamos falar de diversidade no mundo corporativo, intolerância religiosa, racismo nas finanças, na publicidade, no esporte e como ser antirracista.

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Como fazer militância na TV sem afastar os espectadores não tão acostumados a discussões profundas, que buscam entretenimento fácil?

Thiago Bruno/Divulgação

É trazer o outro para o diálogo e para a escuta. O programa quer trazer educação e informação sobre a temática, buscando uma leveza e também uma profundidade. Precisamos fazer com que mais pessoas tenham empatia e informações a respeito dessas pautas.

Ter a Oprah Winfrey no programa é seu grande sonho?

Reprodução

Com toda certeza! Quero muito para a segunda temporada! Uma mulher tão inspiradora, de trajetória tão fantástica. Aliás, quem tiver o contato e quiser fazer essa aproximação super agradeço. Eu tenho uma carta que escrevi pra ela para dizer que esse programa nasceu inspirado nela!

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