'Fazer podcast é mais difícil. Saí da zona de conforto', fala Mano Brown

Rapper conta por que quis entrevistar convidados inusitados, como Fernando Holiday.

"Eu sou um contador de histórias nato", disse Mano Brown nesta terça (24) durante a coletiva de imprensa que anunciou seu mais novo projeto. "Mano a Mano", um podcast original do Spotify, estreia dia 26 de agosto com apresentação do rapper.

Pedro Dimitrow/Spotify

"Fazer podcast é mais difícil. Eu saí da zona de conforto."

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O Brown é um cara durão, low profile, a gente sabe. E é exatamente por esse motivo que a expectativa para o podcast está alta. Vai ser curioso sacar essa verve mais solta, de jornalista/entrevistador que ele irá mostrar. "Não tenho experiência com esse tipo de trabalho. Fazendo, você entende como é difícil para um jornalista, para um repórter abordar um convidado e tirar dele a verdade, o que você quer que as pessoas saibam. Isso é uma ciência também. Não é simples."

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Os convidados do podcast também surpreendem. No primeiro episódio, ele recebe Karol Conká.

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"Não assisti o BBB", ele contou. "Entrevistar a Karol Conká foi um momento delicado pra ela e até pra mim."

Brown disse que, quando sugeriu entrevistar Karol Conká, algumas pessoas da equipe acharam um absurdo. Isso o instigou ainda mais a trazê-la como convidada. "Imagina: uma pessoa que teve 99 virgula sei lá quantos porcento de rejeição... As pessoas não queriam ouvir ela. Não assisti o BBB. Nunca assisti. Mas uma rejeição de 99% me interessa muito. Talvez eu tivesse uma rejeição maior que a dela."

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"Como a minha mãe, ela é uma mulher negra. Minha mãe também não era uma mulher fácil, tinha opiniões fortes. Ter uma mulher negra de frente pra mim, num momento de fragilidade, foi um momento marcante."

Jef Delgado

Brown também falou sobre outro convidado inusitado: Fernando Holiday. "Ele é uma inteligência negra em evidência que discorda do que eu penso."

Reprodução/Instagram

Holiday é vereador de São Paulo pelo Partido Novo. Ele foi coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), responsável por convocar os atos "Fora, Dilma", que acabaram culminando no impeachment da ex-presidente petista. Apesar de ter votado em Bolsonaro, o político hoje se diz arrependido, mas continua criticando arduamente o PT e é um fã extremado do juiz Sergio Moro – basta visitar rapidamente seu perfil no Instagram para perceber.

"Ele é um cara que ninguém quer ouvir, então eu quero ouvir", disparou Brown. "Vamos ter que conviver com essa guerra filosófica e ideológica que tá acontecendo no Brasil. O Holiday, como os eleitores que votam em pessoas de direita, estão nas ruas, estão assinando leis. São pessoas com quem vamos ter que conversar na rua."

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"Quem votou no Bolsonaro em 2018? Eles estão por aí. O Bolsonaro pode ter sido uma decepção pra eles. Mas eles continuam pensando. E vamos ter que conviver com esses caras, dialogando com eles. Não é uma massa que pode ser desprezada."

"Espero que o programa consiga transmitir liberdade."

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Brown parece empolgado com o projeto. Fica entusiasmado quando fala sobre o fato de a maior parte da equipe ser negra e diz, sem nenhuma amarra, que espera que o podcast faça sucesso. "A palavra tem muita força. Até na respiração o cara percebe a sua sinceridade. Esse é o diamante do negócio. A transparência, a sinceridade. Você não tá vendendo imagem. São ideias pra se levar ou não", finalizou.

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