Desde as primeiras horas no "BBB23", Larissa chamou atenção dentro e fora do reality por seu jeito de falar. E eu acho que ninguém deveria ser criticado e humilhado por não falar "corretamente".
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Expressões em desacordo com a norma culta, como "truce", "menas", "ponhar" e "sube" fazem parte do linguajar da catarinense de 24 anos. E tá tudo bem!
Sim, eu sei que nenhuma das palavras acima está de acordo com a língua portuguesa formal usada no Brasil. Mas cada uma delas, assim como muitas outras como "é nóis" e "tu visse" fazem parte do jeito coloquial dos brasileiros falarem de Norte a Sul, sobretudo no interior.
Qualquer pessoa que viva no mesmo Brasil que eu, sabe que a norma culta por aqui não está necessariamente na comunicação falada. Mas elas fazem o importante: comunicar!
Prova disso, está, inclusive, nos versos de um poema de Oswald de Andrade:
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Os "erros gramaticais" são repetidos aos montes na TV e até convivemos bem eles, como o "tu vai".
Dentro do "BBB23", Cara de Sapato, em ao menos em duas ocasiões, corrigiu a fala de Larissa, que não se sentiu bem com a situação.
Nesta terça (4), o termo "truce" estava entre os assunto mais comentados do Twitter. Junto dele, vários comentários bastante pejorativos.
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Estamos diante de um caso de preconceito linguístico? Eu diria que sim, e explico...
No livro "Preconceito linguístico: o que é, como se faz" (1999), o linguista, filósofo, escritor e professor Marcos Bagno analisa oito mitos sobre o preconceito linguístico. Cito aqui o mito n.º 6: "O certo é falar assim porque se escreve assim."
No mesmo livro, mais a frente, no capítulo III ("A desconstrução do preconceito linguístico"), o autor escreve que a norma culta é reservada, por questões de ordem política, econômicas, sociais e culturais, a poucas pessoas no Brasil.
Aí você pode me contestar dizendo "ah, mas a Larissa tem ensino superior" - ela é formada em Educação Física e, além de ser personal trainer, também é professora.
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Sim, ela passou quatro, dos seus vinte e quatro anos, na universidade. Em contrapartida, ela tem 24 anos numa família do interior, que talvez não tenha tido tantas oportunidades de acesso à educação. A forma como a gente se comunica está diretamente ligada à nossa história, a quem somos.
Há quem diga que Larissa, depois de retornar ao programa, está usando o "truce" em benefício próprio e até de maneira forçada, porque sabe que isso rende meme aqui fora. Se for isso, ela é quem está desrespeitando sua história e dos seus.
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Não sou uma "lariete", mas acho que Larissa merece ser criticada por outros motivos, mas não pela maneira como ela fala.