Kamala Harris será a primeira mulher a assumir o cargo de vice-presidente dos EUA

Harris destruiu muitas barreiras com sua vitória.

Kamala Harris acenando em frente a uma bandeira dos EUA.
Kamala Harris acenando em frente a uma bandeira dos EUA.

Michael Perez / AP

Kamala Harris falando durante um comício na segunda-feira anterior ao dia das eleições, na Filadélfia, EUA.

Kamala Devi Harris, filha de imigrantes jamaicanos e indianos, é a primeira mulher, mulher negra e a primeira pessoa de descendência sul-asiática a ser eleita vice-presidente, destruindo uma das últimas barreiras contra as mulheres no governo dos EUA.

Harris, de 56 anos de idade, deu uma injeção de ânimo e entusiasmo entre os democratas quando Joe Biden a escolheu para ser sua vice-presidente. Com a escolha de Harris, muitos democratas viram que Biden criou uma "ponte" para o futuro de um partido em constante mudança e crescendo em diversidade.

Toda a carreira de Harris foi marcada por pioneirismo: ela foi a primeira mulher e primeira pessoa negra a assumir o cargo de procuradora distrital em São Francisco, e de procuradora-geral do estado da Califórnia. Ela foi primeira mulher negra eleita senadora pelo estado da Califórnia — e apenas a segunda a ser eleita em toda a história dos EUA.

Como primeira mulher negra a assumir a vice-presidência, tendo atuado no mais alto posto jurídico da Califórnia, Harris muito provavelmente exercerá um importante papel administrativo na questão das tensões raciais e lidando com o racismo praticado pelas polícias. E ela também enfrentará uma Suprema Corte conservadora que parece estar a ponto de revogar os direitos reprodutivos das mulheres, podendo até mesmo ameaçar Roe v. Wade.

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Kamala Harris rindo.
Kamala Harris rindo.

Paul Hennessy / Getty Images

Kamala Harris antes do primeiro debate presidencial das primárias do partido democrático para a eleição de 2020, em junho de 2019, em Miami, na Flórida.

Essas questões, especialmente o movimento Black Lives Matter, serão uma oportunidade histórica para Harris como líder em um partido cuja liderança, composta majoritariamente por homens brancos e mais velhos, se distanciou de uma base cada mais jovem, diversa e cheia de energia. Mas elas também podem ser um desafio.

Harris vem sendo criticada por ativistas do movimento pelas medidas de endurecimento contra o crime que adotou quando atuava na Califórnia. Mesmo que ela tenha abraçado o Black Lives Matter e defendido a necessidade de mudanças na atuação da polícia durante sua campanha presidencial, existe um certo nível de desconfiança entre Harris e algumas das vozes principais do movimento pela justiça racial.

Ela também enfrentará desafios que seus antecessores não enfrentaram: é alvo de comentários racistas e sexistas, incluindo zombaria constante por parte dos republicanos, entre eles Trump e o senador David Perdue, que insistem em pronunciar seu nome errado. Trump a chamou de "monstro" depois do debate entre ela e o vice-presidente Mike Pence, e sempre a ataca durante seus comícios.

Harris não procurou enfatizar muito a questão do gênero durante a campanha, como fizeram outras candidatas — nas primárias do partido democrata, Kirsten Gillibrand construiu uma campanha cor-de-rosa enfatizando as questões femininas, e Elizabeth Warren fez promessas com garotinhas.

Porém, durante as primárias, Harris fez questão de usar pronomes "ela/dela" quando falava da presidência e descrevia integrantes de seu gabinete. As palavras dela às vezes provocavam aplausos, e até mesmo surpresa, entre a audiência.

Ela disse em entrevista ao BuzzFeed News nos EUA, em 2019, que estava fazendo isso para ajudar as pessoas a enxergarem melhor o que era possível fazer na política.

"Eu sempre tive a consciência de que nesse tipo de trabalho, estamos tentando fazer as pessoas enxergarem o que nunca viram antes," disse Harris. ●

Este post foi traduzido do inglês.

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Escrito por Kadia Goba • há 3 anos


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