Instagram completa seis anos em meio a mudanças controversas

O BuzzFeed News entrevistou Kevin Systrom, CEO do Instagram, sobre o que mudou na plataforma em 2016.

Publicado por Mat Honan e Alex Kantrowitz

Mat Honan

O CEO do Instagram, Kevin Systrom, em frente a um mural de fotos no café Blue Bottle, dentro do prédio da nova sede da empresa.

Foi um ano incrível para o Instagram. A rede de compartilhamento de fotos e vídeos trouxe uma série de novos recursos e atualizações em 2016, muitos deles controversos.

Em março, a empresa irritou as pessoas ao mudar a forma como mostra atualizações em seu feed, saindo de um modelo puramente cronológico para uma ordenação algorítmica. Em maio, causou um alvoroço com uma mudança no logo já familiar da rede. Em agosto, deixou a internet em chamas ao introduzir um novo recurso de Histórias que obviamente copiava o Snapchat. Nesse caminho, o Instagram também lançou novas ferramentas para combater os trolls, se voltou para trabalhar com foco em vídeos e — semana passada — mudou de escritório. Ufa!

São muitas mudanças para uma empresa que já foi bem cuidadosa — talvez até mesmo lenta — para evoluir seu produto. No entanto, tudo isso trouxe um resultado positivo para o Instagram. Agora, ele possui 500 milhões de usuários ativos todo mês, 100 milhões que veem suas novas Histórias diariamente. De acordo com os chefes da empresa, as pessoas estão gastando muito mais tempo no aplicativo tanto vendo quanto enviando imagens. E, por causa disso, o Instagram agora se gaba de ter mais de meio milhão de anunciantes em sua plataforma todo mês. Isso traduz em muita receita para uma empresa que hoje completa 6 anos.

Para o sexto aniversário do Instagram, o BuzzFeed News organizou uma entrevista com o CEO Kevin Systrom para conversar sobre o passado recente da empresa e também sobre seu futuro próximo. Ele estava animado — feliz, na verdade — e insistia que as mudanças que o Instagram passou nesse ano foram cruciais para seu crescimento contínuo e sua relevância — mesmo tendo provocado reações negativas de usuários e críticos.

"Acho que empresas que falham são normalmente empresas que olham para si mesmas como um conjunto de recursos", comentou Systrom sobre a decisão do Instagram de trabalhar com vídeos e ir além das fotos quadradas. "As empresas que dão certo olham para si mesmas como empresas com missões. ... Então, se a missão do Instagram é ter certeza de que todo mundo pode capturar e compartilhar momentos para formar relacionamentos mais fortes com outras pessoas, como você pode dizer a alguém: 'Me desculpe, você não pode enviar essa foto a menos que recorte ela em um quadrado e encaixe todo mundo dentro'? Isso é um argumento ridículo".

Esse tipo de raciocínio tornou a decisão de introduzir vídeos no Instagram bem fácil. Graças a câmeras melhores, redes mais rápidas e mais armazenamento nos dispositivos, nosso uso de vídeo está crescendo rapidamente e toda plataforma social — Twitter, Facebook, Snapchat — está se movimentando bem rápido para ressaltar essa mudança. Com o Instagram não é diferente. No entanto, embora o conteúdo de fotos da empresa seja instantaneamente reconhecível e icônico, seu recurso de vídeo parece ser o mesmo que seus concorrentes oferecem. Systrom mantém a posição de que os vídeos enviados para o Instagram são diferentes daqueles encontrados em outros lugares, mas ele reconhece que a experiência de visualização de vídeo do Instagram não atingiu ainda o ponto ideal.

"Concordo, o formato de vídeo em nosso visualizador parece similar ao que muitas outras empresas estão fazendo", disse. "Acho que está bom por enquanto, mas não é onde queremos chegar. Queremos inovar e melhorar a experiência".

Essa abordagem guiada por missões também explica a decisão do Instagram de abandonar seu logo original (que o próprio Systrom desenhou) por um novo com uma estética mais plana e abstrata.

"Você forma sua própria identidade com o tempo", explicou Systrom. "Queríamos ter certeza de que as pessoas sabiam que não éramos apenas um aplicativo de câmera no celular. Somos muito mais que isso. Tratamos de mídia. Tratamos de diversidade. Tratamos de expressão. O novo logo se alinha com nossos princípios — simplicidade, universalidade, compreensibilidade. Ele também se alinha com nossa missão, que é a de ser uma empresa que lida com momentos. O logo é uma abstração de uma câmera física. Ele reconhece que nós somos, na verdade, baseados em momentos."

Essa linha de pensamento sobre momentos soa um pouco estranha, considerando a recente mudança do Instagram em que o feed deixou de ser cronológico. Se a missão da empresa é capturar e compartilhar momentos, não faz mais sentido mostrá-los como aconteceram?

Uma das grandes inovações do Instagram, por exemplo, foi em 2011, quando Nova York foi atingida por uma nevasca e os moradores compartilharam sem parar suas fotos trabalhando duro através da neve. É impressionante abrir o Instagram e ver todos os nossos amigos passando pela mesma coisa ao mesmo tempo. Como as pessoas vão mostrar e passar por esses momentos — tal como um pôr-do-sol particularmente vívido em Manhattan ou um arco-íris incrível atravessando San Francisco — em um mundo guiado por algoritmos?

"Nenhum ponto em nossa missão é sobre ter eventos em tempo real", disse Systrom. "Não acho que estamos focados em garantir que você terá um feed de um evento acontecendo em tempo real. E acho que tudo bem ser assim. Você ainda deverá ver arcos-íris, geralmente, juntos — especialmente se eles forem bons arcos-íris, já que os melhores vão aparecer no topo".

De acordo com Systrom, quando o Instagram apresentou sua linha do tempo baseada em algoritmo, as pessoas estavam perdendo cerca de 70% das imagens e vídeos em seus feeds. Então a empresa introduziu recursos para que os 30% que acabam sendo vistos sejam mesmo as coisas com que os usuários se importam.

Systrom disse que o Instagram experimentou diversas versões de feeds antes de decidir pelo que foi apresentado e, desde então, refinado. O feed agora é calibrado para priorizar o conteúdo com o qual as pessoas têm mais propensão de interagir. E, assim, que faz com que as pessoas gastem mais tempo no Instagram e enviem ainda mais conteúdo.

"No geral, o feed ainda é bem em tempo real", comentou Systrom. "Nós só pegamos as últimas [atualizações] desde que você conferiu o Instagram — que para a maioria das pessoas é talvez algumas horas — e garantimos que a melhor parte esteja no começo".

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Mas nada foi tão controverso quanto a decisão do Instagram de clonar as Histórias do Snapchat. Systrom disse que, nesse caso em particular, o problema que precisava ser resolvido pela empresda era simples: fazer com que as pessoas enviassem mais conteúdo com mais frequência.

"É bem conhecido que no Instagram você envia os pontos altos do seu dia", disse. "Queria que não fosse assim. Queria que as pessoas se sentissem mais livres para compartilhar tanto quanto quisessem durante o dia".

Então, em agosto, em uma tentativa de fazer com que as pessoas compartilhassem na plataforma mais conteúdo casual de uma forma que eles já entendiam, o Instagram apresentou as Histórias.

Para qualquer um que já usou o Snapchat — que oferece um recurso quase idêntico com o mesmo nome — a atualização pareceu... familiar. O site The Verge a chamou de "uma cópia quase perfeita" das Histórias do Snapchat. O TechCrunch a descreveu como "um recurso 'Snapchatty'".

Systrom, no entanto, defende vigorosamente a mudança.

"Temos muitos empregados que acreditam com paixão na efemeridade", disse. "E eu queria ter certeza de que estávamos fazendo a coisa certa com a comunidade — não apenas reagir ao que estava acontecendo só porque era legal ou estava na moda. A efemeridade tinha que ser adotada de uma forma que funcionasse. E um sinal de que ela está funcionando é que, depois de apenas alguns meses, mais de 100 milhões de pessoas, diariamente, usam as Histórias do Instagram. Então, esqueça o orgulho da autoria, interna ou externamente — isso está funcionando".


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