A herança macabra deixada por Ricardo Salles

Ele sai, o estrago no meio-ambiente fica.

Nesta semana mais um ministro do governo Bolsonaro resolveu abandonar o barco. Desta vez, quem pediu pra sair foi Ricardo Salles, agora ex-Ministro do Meio Ambiente. A gestão de Salles foi marcada por enormes retrocessos em relação à preservação das nossas florestas, além de ter liberado o uso de agrotóxicos extremamente nocivos e de estar sendo investigado por um esquema de exportação de madeira ilegal.

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Neste post, reunimos os principais pontos da herança macabra deixada pelo ex-Ministro.

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1. Recorde de agrotóxicos

2020 foi o ano em que o Brasil mais liberou agrotóxicos: foram 493 produtos aprovados, número ainda maior do que em 2019, ano que até então detinha o recorde macabro. 

Em dois anos de mandato, Bolsonaro e Salles liberaram mais de mil agrotóxicos - só em 2021, já foram outros 230. 

2. Aumento do desmatamento

Com Salles à frente do Ministério do Meio Ambiente, a Amazônia teve a maior taxa de desmatamento desde 2008. O motivo desse retrocesso está no desmonte das políticas ambientais que acontece desde a posse de Bolsonaro em 2019, exterminando meios de fiscalização.

De acordo com o Observatório do Clima (OC), levando em conta a média dos dez anos anteriores à posse de Bolsonaro, o desmatamento cresceu absurdos 70%.

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3. Má distribuição do Fundo Amazônia

O Fundo Amazônia reúne doações de outros países para a preservação e fiscalização da Amazônia. Desde o início da gestão Salles, quase R$3 bilhões do fundo estão simplesmente parados.

Em 2019, Salles atacou ONGs de proteção ambiental e sugeriu destinar esses recursos para indenizar latifundiários. Por conta disso, países como Noruega e Alemanha suspenderam repasses de mais de R$250 milhões.

4. Perdão de multas ambientais

Ainda em 2019, Salles deu a canetada definitiva para "passar a boiada": um decreto do governo federal praticamente suspendeu as multas por desmatamento ilegal na Amazônia.

Em 2020, houve uma queda de 62% das autuações de crimes ambientais feitas pelo Ibama, órgão sucateado na gestão Bolsonaro, e das quase mil autuações por desmatamento na Amazônia, apenas três foram quitadas.

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5. Exportação ilegal de madeira

Salles saiu do cargo justamente quando a PF começou a investigar seu envolvimento na exportação ilegal de madeira para os Estados Unidos e para a Europa. Entre 2020 e 2021, madeireiras teriam movimentado cargas avaliadas em cerca de R$ 84 milhões.

A investigação já culminou no afastamento do presidente do Ibama, Eduardo Bim. Foram feitas buscas e apreensões nos endereços de 23 alvos, incluindo Salles e Bim, além de quebras de sigilo bancário e fiscal e o afastamento de nove servidores.

Enquanto Salles sai e dá lugar ao ruralista Joaquim Álvaro Pereira Leite, o país se prepara para enfrentar a pior crise hídrica em décadas, que muito tem a ver com o desmatamento e com a queimada desenfreada das nossas florestas.

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