Heitor dos Prazeres: o artista multidisciplinar do samba

No início do Século 20, ele transcendeu barreiras e atuou como o que hoje é chamado “artista multidisciplinar”.

Não são fáceis as condições de ascensão e produção para artistas negros, hoje. Mas no início do Século 20 era ainda mais difícil. Heitor dos Prazeres nasceu em 1898, apenas dez anos após a Abolição da Escravatura, no Rio de Janeiro, filho de pais baianos. Ele era compositor, cantor, pintor, coreógrafo, cenógrafo, figurinista e participou da fundação das primeiras escolas de samba, como a Mangueira, Estácio de Sá e Portela.

Como compositor, Heitor, majoritariamente, produziu sambas. Mas também passou por choros, músicas rancheiras, marchinhas, ritmos nordestinos e macumbas. Seu primeiro grande sucesso foi “Mulher de Malandro”, lançado em 1931 por Francisco Alves. Pouco depois, excursiona pelo Uruguai como “Heitor dos Prazeres e Sua Gente”, com um coro todo composto por mulheres.

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Por volta de 1937, inicia seu trabalho também como pintor. Sem formação acadêmica, Heitor retoma suas memórias de infância e retrata as cenas do cotidiano da população negra do Rio de Janeiro nas telas. Festas, rodas de samba, os carnavais e favelas estão presentes em sua obra como artista plástico.

Com o quadro “Moenda”, em 1951, alcança o terceiro lugar para artistas nacionais na 1ª Bienal Internacional de São Paulo. Já na 2ª Bienal, ganha uma sala especial para suas obras.

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Em 1954, cria cenários e figurinos para o Balé do IV Centenário da Cidade de São Paulo. Sua obra foi retratada num documentário de 1965, dirigido por Antônio Carlos Fontoura.

Heitor dos Prazeres, no início do Século XX, transcendeu barreiras e atuou como o que hoje é chamado “artista multidisciplinar”, alguém que produz em vários campos artísticos. Que sua obra esteja sempre viva!

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Texto de Jun Alcantara

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