Governo Bolsonaro tirou R$ 90 milhões dos mais pobres para comprar trator para aliados
E isso aconteceu durante a pandemia.

Cássia Miranda
Há 2 anos
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Em meio à pandemia, ainda em 2021, o governo de Jair Bolsonaro (PL) destinou R$ 89,8 milhões para a compra de tratores. Esse dinheiro, a princípio, deveria ser usado para aliviar o impacto da Covid-19 em comunidades pobres.


Andressa Anholete/ Getty Images
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Com os quase R$ 90 milhões, foram adquiridos 247 tratores no fim do ano passado.


Reprodução/Internet
A reportagem aponta ainda que houve falta de critérios técnicos na definição dos municípios beneficiados.
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No entanto, a decisão do tribunal impunha uma condição: o dinheiro deveria "ser direcionado exclusivamente ao custeio de despesas com enfrentamento do contexto da calamidade relativa à pandemia de Covid-19 e de seus efeitos sociais e econômicos e que tenham a mesma classificação funcional da dotação cancelada ou substituída".
A Bahia foi o Estado mais beneficiado em quantidade de maquinário. Coincidência ou não, o ex-ministro da Cidadania João Roma (PL) é pré-candidato ao governo estadual pelo mesmo partido de Bolsonaro.
Roma negou irregularidade. A pasta não respondeu aos questionamentos da reportagem.
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De acordo com o professor Silvio Porto, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), o maquinário não condiz com a realidade dos beneficiados. "Há dispersão dessas famílias no município, o espaço agrícola que elas têm para produzir é muito pequeno [para uso dos maquinários]", disse à Folha. "O fato é que se trata de uma ação totalmente descabida. Claramente são politicagens sem conexão com a realidade."
Segundo a matéria, o governo empenhou o pagamento de quase R$ 90 milhões antes mesmo de assinar o contrato com a empresa XCMG. E pior: documentos obtidos pela Folha revelaram que os tratores estão parados no pátio da XCMG.
Isso porque o Ministério da Cidadania não concluiu as exigências técnicas para mandar os equipamentos aos municípios. "A empresa não recebeu os pagamentos, e técnicos da pasta têm questionado as lideranças políticas sobre o atendimento dos trâmites legais. Apesar disso, há dentro da pasta pressão para que o dinheiro seja depositado para a XCMG", diz a reportagem.
A empresa foi procurada, mas não respondeu o contato da Folha.
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