Esta mulher decidiu fazer um aborto para poder segurar nos braços sua bebê uma única vez

Lindsay Paradiso estava grávida de 18 semanas de sua filha Omara quando os médicos descobriram um tumor no pescoço da bebê. "Eu queria dar à luz a minha filha para que eu pudesse segurá-la no colo e me despedir", disse.

Essa é Lindsay Paradiso, uma fotógrafa que vive com seu marido, Matt, em Fredericksburg, Virgínia (EUA).

Lindsey Paradiso / Via facebook.com

Em 19 de outubro do ano passado, Paradiso publicou um relato no Facebook sobre sua experiência fazendo um "aborto tardio" com 23 semanas de gestação. Desde então o post viralizou, com mais de 100 mil compartilhamentos.

      

"Eu estava assistindo ao terceiro debate presidencial e, quando ouvi Trump dizer que abortos tardios estavam matando bebês com nove meses de gestação, entrei em estado de pânico e comecei a soluçar, porque eu não podia acreditar que as pessoas realmente acreditavam que isso acontecia, então tive que compartilhar minha história e colocar os pingos nos is."

A história se tornou viral depois que ela a compartilhou naquela noite e começou a bombar de novo recentemente, após políticos do Estado da Virgínia proporem uma proibição a abortos após 20 semanas de gestação.

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Em fevereiro de 2016, Paradiso estava grávida de 18 semanas de sua filha Omara quando os médicos descobriram uma massa no pescoço da bebê durante um ultrassom de rotina.

O ultrassom mostrou uma bolha no pescoço de Omara, que os médicos acreditavam ser um tumor raro chamado "teratoma". Uma ressonância magnética, no entanto, era necessária para resultados conclusivos.

"O médico disse que seria melhor para nós interromper a gravidez, porque a morte dela era inevitável... mas nós não queríamos que nossa bebê morresse... nós queríamos dar a Omara uma chance de lutar", disse Paradiso.

"Nós a queríamos independente de qualquer coisa." Então, a família decidiu aguardar até a 27ª semana para que fosse possível fazer um parto por cirurgia e os médicos pudessem operar o tumor, o que garantiria melhores chances de sobrevivência a bebê.

"Nós iríamos fazer um parto prematuro do tipo EXIT (intraparto extra-uterino), que é basicamente como uma cesárea maior e mais arriscada, pois o tumor de Omara era tão grande que, com 27 semanas, ela seria grande demais para o parto vaginal", disse Paradiso.

O procedimento também poderia deixar Paradiso infértil, mas ela estava disposta a correr esse risco se isso significasse que Omara fosse sobreviver.

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Três semanas depois, Paradiso recebeu o resultado da ressonância magnética. O tumor tinha triplicado de tamanho e estava crescendo em direção à cabeça, ao peito, aos pulmões e aos olhos da bebê. Ele não poderia ser operado.

http://lindseyparadiso.com/hope-for-omara/2016/2/8/wake-forest, http://lindseyparadiso.com/hope-for-omara/2016/2/17/chop

Após Paradiso e seu marido irem a outros dois hospitais para buscarem mais opiniões a respeito, eles procuraram especialistas do melhor hospital infantil dos Estados Unidos, o Hospital Infantil da Filadélfia (CHOP), para fazer uma ressonância magnética.

"Nós ainda tínhamos esperança, eles disseram que viam um ou dois casos desse por ano e nos mostraram uma garotinha com o mesmo tumor de Omara que ficou durante um ano na UTI neonatal até que fosse possível fazer a cirurgia, mas que agora vivia uma vida de certa forma normal", disse Paradiso.

No entanto, os médicos descobriram com o exame que o caso de Omara era bem pior e que o tumor estava crescendo dentro do cérebro também. "Era um linfangioma agressivo, quase três vezes maior que a cabeça da bebê. Eles tinham 99% de certeza de que era fatal", disse Paradiso.

Os médicos acreditavam que o tumor poderia matar Omara antes das 27 semanas de gestação, quando Paradiso seria submetida ao EXIT, já que o tumor estaria grande demais para que fosse possível fazer um procedimento de dilatação e curetagem.

Lindsey Paradiso / Via facebook.com

"Eu estava disposta a correr o risco de nunca mais poder ter filhos com o procedimento EXIT se isso significasse que Omi pudesse sobreviver, mas agora que sabíamos que ela provavelmente morreria antes do prazo, pensar na chance de ficar infértil era demais para nós", disse Paradiso.

Ela e o marido optaram por um procedimento onde uma injeção letal é administrada no bebê, induzindo o trabalho de parto em seguida.

"O procedimento não poderia ser realizado no hospital onde meu obstetra trabalhava, então viajamos cerca de uma hora — e tivemos muita sorte, porque muitos lugares da Virgínia são muito rigorosos com isso."

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"Eu estava em trabalho de parto por 40 horas, sentindo muita dor e exausta, mas eu queria dar à luz a minha filha para que eu pudesse segurá-la no colo e me despedir", disse Paradiso.

Courtesy of Lindsey Paradiso / Via facebook.com

O coração de Omara parou de bater em 26 de fevereiro e seu parto ocorreu em 28 de fevereiro.

"Foi muito doloroso", disse Paradiso, "eu não quis tomar analgésicos para que pudesse me lembrar de tudo, mas após 12 horas, no meio do processo, eu não consegui mais suportar e fui submetida a uma anestesia epidural. Após o parto eu sentia aquilo como se fosse uma experiência fora do meu corpo."

A família optou por enterrar Omara e realizou um pequeno velório para ela antes.

"Nós ficamos chocados quando ela nasceu e pudemos ver o tamanho do tumor", disse Paradiso.

Meghann Chapman / Via lindseyparadiso.com

"Para que possam entender melhor, quando tiramos a foto (acima) onde é possível ver o tumor, ele já havia sido drenado e reduzido em tamanho", disse Paradiso.

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O aborto é legalizado na Virgínia durante o primeiro trimestre. Durante o segundo trimestre, é permitido apenas em hospitais licenciados e, no terceiro trimestre, é proibido exceto sob certas circunstâncias.

Quackersnaps / Via gettyimages.com

Essas circunstâncias incluem casos onde a continuação da gravidez tem "chance de causar morte ou provocar deficiência física ou mental na mãe". Em todos os casos, as mulheres devem receber aconselhamento do Estado e aguardar 24 horas antes do procedimento.

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"Se houvesse uma proibição ao aborto, eu temo que seria obrigada a manter a gravidez e nunca poder segurá-la em meus braços", disse Paradiso.

Lindsey Paradiso / Via facebook.com

Depois de sua experiência, ela se juntou a um grupo de apoio para mulheres que interromperam gravidezes no último trimestre e também se juntou ao NARAL, um grupo de defesa pró-escolha.

Este post foi traduzido do inglês.

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