Vários envolvidos no ataque golpista à Brasília têm conexões com políticos - conheça alguns

A PF tem colocado na rua, toda semana, o bloco "Operação Lesa Pátria". Encontramos conexão dos presos com candidatos das eleições de 2022.

Publicado por Deinha Mendes e Dr. Pândego

Numa nova fase da Operação Lesa Pátria, contra os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, a Polícia Federal cumpriu mandados inclusive de prisão em 14 de fevereiro de 2023. Um dos que seriam presos foi candidato a deputado federal por Minas Gerais. Fomos atrás de mais informações.

Leia aqui a matéria do G1 que explica a operação

ALEXANDRE AUGUSTO SOUZA CARMO foi candidato em 2022 pelo PSC-MG, partido da base aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro, declarando exclusivamente um bem, um apartamento em Poços de Caldas, no valor de 280 mil reais.

Reprodução TSE

Publicidade

Declarou-se também comerciante.

Reprodução TSE

E, entre 2020 e 2021, consta do Portal da Transparência ter recebido quase 5 mil reais de auxílio emergencial.

Reprodução Portal da Transparência

Publicidade

Fez uma campanha modesta. Receitas totalizaram 12.027,42 reais, 10.000 dos quais foram transferência do fundo especial, 2.000 foram cessão de um automóvel por uma amiga e mais 27,42 doados por ele mesmo, aparentemente em espécie (o extrato apresentado ao TSE confirmou, aliás) e após o primeiro turno.

Reprodução TSE

3.000 reais das despesas de 10.054,84 de sua campanha foram transferidos à amiga que havia cedido o carro, contabilizado como receita e despesa de 2.000 reais, que se anulam. Outras duas pessoas também receberam por serviços de campanha. A cada uma delas foi destinado o valor de 2.000 reais. Gastou pouco mais de 1.000 reais em combustível e mais 1370 reais com dois fornecedores de publicidade.

Reprodução TSE

Publicidade

Vários dos pagamentos feitos pela campanha de Carmo foram feitos em cheques. Um deles foi inclusive emitido para ele mesmo.

Reprodução TSE

E um de seus coordenadores de campanha, nome completo Maurício Steil Silva, na verdade trabalhou para ele e para outro candidato, que concorria como deputado estadual.

Reprodução TSE

Publicidade

Mauricio recebeu auxílio emergencial na pandemia.

Reprodução Portal da Transparência

E é personalidade pública, com perfis verificados em redes sociais e pré-candidato a Vereador por Santos.

Reprodução Instagram

Publicidade

Diga-me com quem andas que te direi quem és.

Reprodução Instagram

No Facebook ele também tem perfil. Notem quantas perfis ou pessoas estariam seguindo e curtiram a página dele.

Reprodução Instagram

Publicidade

E é ainda empresário em Poços de Caldas, CNPJ ativo desde 2019.

Reprodução Receita Federal

Ele foi candidato a vereador por Poços de Caldas em 2020. Não foi eleito. Na época, trazia no nome "Poços em Ação".

Reprodução TSE

Publicidade

Uma campanha mais simples que a da Alexandre Carmo, recebeu recursos de apenas uma doadora, Josié, de 600 reais.

Reprodução TSE

Josié, cujo nome apareceu em letras miúdas mais acima, foi a 3o coordenadora da campanha do Alexandre Carmo em 2022. Recebeu, por sua participação, 2.000 reais. Aparentemente recebeu em cheque(s), já que no extrato apresentado ao TSE não há registro de TED ou DOC ou PIX.

Reprodução TSE

Publicidade

Entre 2020 e 2021, Josié também consta como tendo recebido auxílio emergencial, e notem o seguinte: 2020 foi o ano em que ela doou 600 reais para a campanha de Steil.

Reprodução TSE

A Advocacia Geral da União disponibilizou publicamente o nome das pessoas processadas por facilitarem danos ao patrimônio público no dia 8 de janeiro de 2023.  Na lista há pessoas que trabalharam em campanhas eleitorais em 2022 a até um ex-candidato à vereador no Município de Ponta Grossa, Paraná. Cruzamos alguns dados. A pesquisa é relativamente simples, embora um pouco trabalhosa.

Reprodução CGU

O Bruno é um dos réus na ação da Advocacia Geral da União. 

Publicidade

Pelo CPF, mas no site do TSE, encontramos pagamento da campanha do candidato ao governo de Minas Gerais não eleito Carlos Viana, do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, para Bruno.

Reprodução TSE

O valor, maior do que o valor do Auxílio Brasil, foi pago pela campanha do candidato Carlos Viana ao réu na ação da AGU por danos ao patrimônio público, via TED para uma conta de banco privado, segundo o extrato disponível no site do TSE.

Reprodução TSE

Publicidade

Vocês prestaram atenção ao segundo lançamento a débito da conta de campanha do candidato Carlos Viana em benefício do envolvido na destruição de patrimônio público e réu na ação da AGU? Tem um cheque, de valor menor também.

Reprodução TSE

Só tem mais um detalhe: o cheque teria sido depositado na mesma agência para a qual a TED foi feita, mas em contas diferentes, talvez uma conta corrente, a outra de poupança.

Reprodução TSE

Publicidade

Ambos os depósitos foram feitos com recursos do Fundo Partidário, público.

Reprodução TSE

Já de São Paulo, na base do Tribunal Superior Eleitoral consta um colaborador da campanha de Carla Zambelli, o Carlos Eduardo Oliveira. 

Reprodução CGU

Publicidade

Essa baixa de estimáveis, recursos de pessoas físicas, indica que não houve pagamento em dinheiro da campanha da deputada, que foi reeleita também pelo PL.

Reprodução TSE

E, realmente, isto é o que consta da base do Tribunal Superior Eleitoral, que o Carlos Eduardo Oliveira contribuiu para a campanha da Deputada Carla Zambelli com atividades de divulgação de propaganda eleitoral.

Reprodução TSE

Publicidade

Ainda no Estado de São Paulo, Márcia Regina Rodrigues.

Reprodução CGU

 Ela trabalhou na campanha de outro candidato a Deputado Federal, o Isaac Dalcol Antunes, também do PL e que não foi eleito. Ela ganhou 5.000 reais da campanha dele.

Reprodução TSE

Publicidade

Consta da base do TSE que o pagamento à Márcia Regina foi feito por duas transferências para a mesma conta de banco privado, em duas datas de setembro de 2022.

Reprodução TSE

No caso, os recursos dos pagamentos à Márcia vieram do Fundo Especial, público.

Reprodução TSE

Publicidade

O candidato não eleito Isaac é vereador em Ribeirão Preto/SP. Em seu Instagram fica clara a sua posição pró Jair Bolsonaro mesmo depois da derrota de ambos na eleição de 2022.

Reprodução Instagram

Em 28 de dezembro de 2022 o candidato a deputado postou um vídeo com propaganda da gestão Bolsonaro. 

Reprodução Instagram

Publicidade

Suas contas de campanha tem alguns lançamentos também curiosos, como a quantidade de emissão de cheques a partir dos recursos do Fundo Especial. O último cheque que parece ter sido compensado foi o de número 36 por alguém que parece ter trabalhado em sua campanha.

Reprodução TSE

Para finalizar, o quarto integrante do grupo que, segundo a Advocacia Geral da União, facilitou a destruição de patrimônio público em 8 de janeiro de 2023, o Pablo Henrique da Silva Santos.

Reprodução CGU

Publicidade

Segundo o site do TSE, ele trabalhou na campanha do candidato a deputado federal Wagner Mariano Júnior, de outro partido, o Avante:

Reprodução TSE

Segundo o TSE, o pagamento ao Pablo foi feito por PIX pela campanha do candidato, que se identifica no TSE como Juninho Los Hermanos, vereador em Belo Horizonte e que não foi eleito Deputado Federal. Mas, cuidado, o nome dele é extremamente comum e não parece ser ele quem consta do Portal da Transparência como servidor ou beneficiário de auxílios.

Reprodução TSE

Publicidade

Veja também