Entenda quais são os pontos polêmicos do Escola Sem Partido
Ensino de questões de gênero e posicionamento político de docentes são os principais pontos de discórdia no projeto de lei.
Após o Senado abrir uma consulta pública sobre o Escola Sem Partido, opositores e defensores se digladiaram nas redes sociais por causa de dois pontos específicos do projeto.


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O Escola Sem Partido é um movimento criado em 2004, pelo advogado Miguel Nagib, que prega a "neutralidade" de professores na sala de aula em relação a posições políticas e morais.
O primeiro ponto de discórdia dos dois lados diz respeito ao ensino de questões de gênero.
Logo no 2º artigo, o projeto de lei que está no Senado propõe proibir que escolas públicas promovam discussões que afetem a "harmonia com a respectiva identidade biológica de sexo".


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Quem é contra o Escola Sem Partido diz que o projeto de lei busca impor uma "moral cristã e heterossexual".
O movimento nega motivação ideológica. Para eles, o ensino dessas questões pode interferir nas convicções dos pais.


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Em entrevista ao BuzzFeed Brasil, Nagib, do Escola Sem Partido, disse o seguinte:
Nosso projeto não impede que a teoria de gênero seja estudada do ponto de vista científico, obviamente não se opõe a que esse assunto seja discutido. Mas a criança vai ouvir uma pregação moral que não necessariamente condiz com a posição dos pais. Isso é lavagem cerebral, é engenharia comportamental.
Renata Aquino, integrante do Professores Contra o Escola Sem Partido e aluna do último semestre de história da UFF, disse ao BuzzFeed Brasil:
O projeto defende neutralidade de ideias contanto que as ideias não contrariem o que o aluno aprenda em casa. Eles defendem uma moral cristã e heterossexual. A família tem que participar da escola, mas não do jetio que o Escola Sem Partido quer, fechando as possibilidades de debate.
O outro ponto controvertido do projeto trata do posicionamento político de professores na sala de aula.


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Os críticos do Escola Sem Partido dizem que a proposta tem caráter ideológico e equivale a censurar os docentes.
O movimento, por sua vez, afirma que é contra qualquer tipo de pregação política vinda de professores.


Andréia Rêgo Barros / PCR
Novamente, Nagib se posiciona:
Se o professor puder falar qualquer coisa, se o professor quiser pregar suas convicções, ele tem nos alunos uma audiência cativa. Nosso projeto não faz nenhuma acepção de religião ou de posicionamento político.
Renata, de novo, rebate:
A gente não é contra discutir uma ética do professor, a gente é contra discutir sem o próprio professor. Esse clima de polarização no país ajuda para que um projeto conservador avance sem a discussão necessária.