Entenda o caso da líder dos direitos civis se disfarçou de negra por anos
Rachel Dolezal é presidente da filial da NAACP de Spokane, Washington, e também preside uma comissão municipal de fiscalização da polícia. Seus pais também disseram ao BuzzFeed News que ela está fazendo seu irmão mais novo, que é negro e adotivo, passar por seu próprio filho.
Quando procurado pelo BuzzFeed News na quinta-feira, o pai de Rachel Dolezal, Larry Dolezal, disse que tanto ele como a mãe dela são brancos.
"Ela é nossa filha biológica, e nós dois temos ascendência europeia", disse ele, acrescentando: "nós estamos perplexos, e é muito triste".
Rachel Dolezal é presidente da filial da Associação Nacional pelo Avanço das Pessoas de Cor (NAACP) de Spokane, Washington, desde janeiro. Ela também atua como presidente da comissão municipal de fiscalização da polícia.
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Além disso, ela é professora adjunta de estudos da cultura africana na Eastern Washington University.
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De acordo com seu perfil biográfico, Dolezal fez mestrado na Howard University, uma universidade historicamente negra em Washington, DC.
"Sua paixão pelos direitos civis é influenciada por seus anos no Mississippi, onde lutou pela igualdade de direitos e participou no desenvolvimento da comunidade", afirma o perfil biográfico.
O perfil também afirma que ela já foi vítima de pelo menos oito "crimes de ódio documentados". Nenhum suspeito foi identificado.
Representantes da EWU disseram que não tinham nada a declarar na quinta-feira à noite.
Larry Dolezal disse ao BuzzFeed News que ele não sabe explicar exatamente por que sua filha desejaria se passar por uma mulher negra.
Mas ele acrescentou: "Nos últimos 20 anos, ela tem integrado a comunidade afro-americana através de seus vários trabalhos de defesa e justiça social, e talvez isso seja parte da resposta."
Ele continuou dizendo que Rachel cortou toda comunicação com ele e a mãe dela, e que ela "não quer que nós sejamos vistos na região de Spokane em seu círculo porque nós somos caucasianos".
De acordo com o Spokesman-Review, Dolezal mentiu em sua inscrição para a comissão municipal, escrevendo que sua etnia era parte branca, negra e indígena americana. Policiais disseram ao Spokesman-Review que estavam investigando se ela violou alguma norma da cidade.
No entanto, em seu perfil no Facebook, Dolezal brincou sobre ser observada no cinema pela "reação negra" ao filme 12 Anos de Escravidão.
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A anteriormente loira de cabelos lisos também publicou uma foto de seus cachos "naturais".
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Em entrevistas e no que ela escreve, Dolezal frequentemente menciona seus filhos negros.
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O Coeur d'Alene Press cita Dolezal como falando de "meu filho mais velho Izaiah".
Mas Larry Dolezal disse que Izaiah na verdade é irmão adotivo de Rachel.
Cerca de cinco anos atrás, quando Izaiah tinha 16 anos, ele optou por ir morar com Rachel, disse Larry Dolezal, época em que ela conseguiu a guarda dele. Mesmo assim, ele disse ao BuzzFeed News que ele e sua esposa, Ruthanne, ainda são os pais legais de Izaiah.
Larry e Ruthanne acabaram perdendo contato com Izaiah e, na quinta-feira, não sabiam onde ele estava. Larry acrescentou que, na quinta-feira, Izaiah completa 21 anos.
Rachel deu a entender ao Press recentemente que Izaiah era seu irmão:
Rachel Dolezal confirmou em uma recente entrevista por telefone para o Press que Izaiah é um de seus irmãos adotivos.
"Ele era meu irmão", disse ela. "Mas eu tenho a guarda definitiva dele agora."
"A última coisa que soubemos dele foi que ele estava cursando pré-direito na Universidade de Idaho em Moscow, quer através do campus-filial em Spokane, quer em Coeur d'Alene", disse Larry.
Ele também negou alegações feitas por Rachel à imprensa local de que ela tinha sido abusada por seus pais.
Além dela, Rachel disse ao Press que Larry e Ruthanne Dolezal haviam abusado de seus irmãos como filhos. Ela também reafirmou que era negra.
"Eles podem fazer um teste de DNA em mim se quiserem", disse ela ao jornal.
Ela escrevia uma coluna regularmente sobre questões de raça para o Inlander, um periódico semanal alternativo.
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"Até agora, você provavelmente já decidiu se importar, ou não se importar, com a campanha #BlackLivesMatter varrendo a América", escreveu ela em dezembro. "Traduzido para famílias negras: Você decidiu se importar ou não se importar conosco."
Na quinta-feira, Dolezal recebeu apoio de pelo menos um amigo e colega da NAACP de Spokane, relatou o Inlander.
Cedric Bradley disse ao Inlander que Dolezal foi uma grande defensora das populações minoritárias e que sua própria raça não importava.
"Na minha opinião, não faria diferença para mim", disse ele. "Não se trata de ser negro ou branco, mas sim do que podemos fazer pela comunidade."
Em uma entrevista para o Easterner, da Eastern Washington University, Dolezal fez várias alegações sobre sua vida antes de lecionar e trabalhar como ativista. Muitos desses fatos eram falsos, disseram seus pais ao Coeur d'Alene Press.
Dolezal falou mais uma vez ao Easterner sobre o abuso que havia sofrido na infância. Ela disse que nasceu em uma tenda indígena e que a família caçava com arcos e flechas. Ela também descreveu sua vida na África do Sul.
Quando era mais jovem, ela foi diagnosticada com câncer cervical e fez quimioterapia, disse ela. Mas ela manteve seus longos dreads loiros e, algumas vezes, ainda os usou após a recuperação, relatou o Easterner.
"Eu sou a Rapunzel pós-moderna com dreads", disse ela em um comentário no Facebook.