Deputado exaltou a família no impeachment, mas viu pai preso por corrupção

Caio Nárcio (PSDB-MG) é o segundo parlamentar que votou pela família na Câmara e teve o parente como pivô de escândalo de corrupção.

No dia da votação do impeachment de Dilma Rousseff, o deputado Caio Nárcio (PSDB-MG) dedicou seu voto: "Por um Brasil onde meu pai e o meu avô diziam que decência e honestidade não eram possibilidade, eram obrigação".

Caio Nárcio votou pelo impeachment como toda a bancada de seu partido.

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Mas o pai do deputado que exaltou a decência no impeachment foi preso nesta segunda (30) em um caso envolvendo corrupção. Nárcio Rodrigues, o pai, é suspeito de usar uma obra pública de MG para arrecadar recursos ilegais para o PSDB.

PSDB-MG/Divulgação

Nárcio Rodrigues, ex-deputado e ex-presidente do PSDB-MG, teve a prisão temporária decretada pela Justiça por suspeito de usar obra pública para arrecadar para tucanos mineiros.

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Nárcio Rodrigues, o pai, também foi deputado federal e chegou a presidir o PSDB em Minas Gerais. Ele foi preso nesta segunda-feira (30) por suspeita de captar recursos ilegais para campanhas tucanas em 2013 e 2014. Trata-se de uma prisão temporária (prazo de 5 dias) para instruir a investigação.

A defesa de Nárcio Rodrigues ainda não havia se manifestado até a publicação desta reportagem. O BuzzFeed Brasil ainda não conseguiu falar com o deputado Caio Nárcio.

A suspeita de corrupção recai sobre a Cidade das Águas, uma vitrine eleitoral do governo Antônio Anastasia (PSDB-MG), que hoje é senador.

Andressa Anholete / AFP / Getty Images

Antonio Anastasia (PSDB-MG) foi o relator do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado, onde ela perdeu por 55 votos a 22.

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A Cidade das Águas é o nome de um centro de educação e pesquisa aplicada em água e fica na cidade mineira de Frutal, base eleitoral da família de Nárcio Rodrigues.

Como senador, Anastasia é um nome importante no rito de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Ele é o relator do processo no Senado. Ele deixou o governo em 2014 para concorrer às eleições.

Em nota, o senador afirmou "não ter conhecimento dos fatos que levaram à operação do Ministério Público do Estado de Minas Gerais ". Segundo sua assessoria, "ele defende que quaisquer denúncias devam ser rigorosamente apuradas pelos órgãos competentes e julgadas na forma da Lei".

Este não é o primeiro caso de deputado que votou pela família e, depois, teve um parente preso por suspeita de corrupção. A deputada Raquel Muniz (PSD) chamou a atenção do Brasil "sim, sim, sim" para o impeachment.

Raquel Muniz votou pelo impeachment como toda a sua bancada.

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No voto, ela citou o marido, Ruy Muniz, que é prefeito de Montes Claros, como exemplo de que o "Brasil tem jeito". No dia seguinte ao elogio público, Ruy foi preso por suspeita de fraude em licitação da saúde.

      

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No desabafo pelo Facebook, a deputada voltou a defender o marido, insinuando que ele é perseguido pelos investigadores: "Não há razão jurídica para a prisão preventiva do meu marido, o prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz, por não haver risco a ordem pública, nem perigo de fuga e nem haver qualquer indício de obstrução da justiça. Há, sim, razões de outras ordens, não republicanas, que justificam essa investigação".

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