Um ano e meio depois, deu tudo certo: o Roberto engravidou e a Erika conseguiu amamentar o filho deles, após outro tratamento hormonal que permitiu o aleitamento.
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Eu bati um papo com o Roberto para entender como tem sido a paternidade para ele.
Quando você descobriu que queria ser pai?
"Eu quis ser pai a vida inteira, por vários motivos. Muito porque o meu pai se separou da minha mãe quando eu tinha nove anos e, com isso, ele foi muito ausente. A falta dessa figura paterna me despertou essa vontade de querer ser pai também e de ser muito bom, sabe? Eu queria suprir essa falta de representatividade paterna, dando isso para o meu filho.
Eu sou taurino também, então sou muito raiz, muito tradicional. Gosto desse negócio de ter a família em casa no domingo, fazer comida para todo mundo. Gosto de casa cheia, de família, de criança correndo pela casa. E sempre tive esse desejo mesmo de ser pai, de ser avô, de ser bisavô, e por aí vai."
Como você faz para ser um pai ativo e presente?
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"A paternidade ativa significa basicamente ter um pai ativo dentro de casa, que participa de todas as atividades com o filho. Todas mesmo, desde a parte operacional, que é nos cuidados diários, quanto na parte afetiva, criando laços amorosos e memórias afetivas, e dando apoio emocional. Não só o lado financeiro, porque a gente foi criado nessa construção social de que o homem é quem provê, quem vai para a rua ganhar dinheiro e sustentar a família.
Só que a gente identifica que, ao longo da vida, não ter essa paternidade ativa, efetiva e afetiva é uma coisa muito problemática. Então, a gente está tentando desconstruir e transformar em um elo emocional afetivo.
Hoje, eu cuido do Noah com guarda compartilhada com a mãe dele, então ele fica uma semana comigo e uma semana com ela. Essa foi uma forma que a gente achou de estar sempre presentes na vida dele. Nós moramos perto, então, mesmo quando é a semana dela, eu pego ele se ela precisar, eu vou ver ele, ela também vem aqui na minha semana, a gente faz programas juntos, mesmo depois da separação. Porque a gente sabe o quanto é importante a presença dos dois na primeira infância dele, nessa construção da personalidade mesmo, dele como pessoa."
E como você faz para estabelecer os limites entre ser pai e ser o Roberto?
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"Até pouco tempo atrás era bem difícil fazer essa separação, porque desde que eu engravidei e ele nasceu, eu vivi só a paternidade, então ser o Roberto não era uma coisa importante para mim. Viver a paternidade estava sendo a coisa mais importante. E aí eu comecei a perceber que eu tava me deixando um pouco de lado e vivendo só a paternidade, sendo que eu também sou o Roberto, né?
Foi quando virou essa chavinha e eu entendi que, tá bom, eu sou pai do Noah, vou continuar sendo, mas eu também preciso viver a minha individualidade, preciso voltar a ter a minha vaidade, a ter meu momento, me reconectar comigo mesmo. Então, hoje, eu costumo fazer isso quando ele está na casa da mãe dele e eu estou sozinho aqui. Ainda é difícil porque a gente fica se julgando, pensando 'ai meu Deus, eu estou aqui na balada, tô no barzinho'.
É um exercício que eu venho fazendo para conseguir ver prazer em outras coisas quando não estou com ele, porque eu e ele nos tornamos uma coisa tão junto que é difícil ver prazer em coisas fora do contexto do Noah, sabe? Então, eu venho praticando, mas às vezes eu me perco, ontem eu deixei ele com a mãe e fiquei aqui sentado, olhando pela janela, sem saber o que fazer."