Como este fotógrafo ser confundido com um ladrão mostra que o racismo é um crime perfeito
Porque apenas as vítimas enxergam o crime.
Quando o ônibus se aproximou do ponto em que iria descer, a mesma moça levantou e se dirigiu à porta. Assim que o ônibus parou, Emerson também se levantou para descer. Desconfiada, ela deu passagem para que ele descesse primeiro.
Quando ambos já estavam na Rua Visconde de Ouro Preto, cada um seguiu para um lado. Porém, Emerson logo percebeu que seria melhor mudar o seu caminho para utilizar a faixa de pedestre. Quando virou para trás, a moça olhou para ele e novamente se espantou.
O fotógrafo também explicou que após chamar a moça de "lixo racista", ela fez questão de voltar para negar a acusação e que isso o deixou ainda mais nervoso. Sem provas e tendo apenas o vídeo em que está exaltado, Emerson se deu conta de que, mesmo sendo uma vítima, ninguém mais enxergaria o crime cometido contra ele.
Reprodução / Twitter / Via Twitter: @EmersonCcastro
Emerson chegou a ir à 10ª Delegacia Policial de Botafogo para fazer um Boletim de Ocorrência, mas foi orientado a fazer o registro virtualmente. Depois, ele conversou com sua advogada, que disse ser muito difícil provar o que aconteceu. Por isso, o fotógrafo desistiu de denunciar o crime do qual foi vítima.
O fotógrafo também temia por sua própria vida, pois poderia passar de vítima a criminoso.
"E se tivessem policiais naquela rua e eu fosse detido, como provaria minha inocência? E se pessoas que já foram assaltadas e estão traumatizadas estivessem ali e se unissem para me espancar?", questionou.