Como a teoria das colheres tem me ajudado a lidar com a depressão

Lidar com uma doença – crônica ou mental – exige muito mais energia para realizar tarefas simples do que uma pessoa saudável imagina.

Faz muito tempo que me sinto exausta. Quando fui diagnosticada com depressão, tive duas sensações. Uma parte de mim se sentiu aliviada porque o cansaço não era por minha culpa. A outra parte ficou ainda mais triste porque eu estava oficialmente doente.

Eu ainda estou aprendendo a lidar com a depressão, mas uma coisa que entendi é que já estava mais do que na hora de cuidar de mim. Por isso busquei livros de pessoas que passaram pelo mesmo para não me sentir tão sozinha nessa busca. Foi aí que comecei a ler "Alucinadamente Feliz", da Jenny Lawson, e esse livro mudou a minha vida.

Jenny tem uma série de transtornos mentais, entre eles a depressão. E uma das formas dela lidar com essas doenças é por meio da teoria das colheres, que eu também adotei na minha vida.

Lidar com uma doença – crônica ou mental – exige muito mais energia para realizar tarefas simples do que uma pessoa saudável imagina.

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E é aí que entra a teoria das colheres, criada por Christine Miserandino, que eu li no "Alucinadamente Feliz". Vou compartilhar como ela funciona, quem sabe também te ajude.

Toda manhã, é como se cada pessoa recebesse uma quantidade de colheres. Para pessoas saudáveis, elas são ilimitadas. Para quem tem uma doença crônica ou mental, esse pacote de colheres é limitado.

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E cada tarefa exige uma colher. Se você levantou da cama, já gastou uma colher. Tomou banho e lavou o cabelo? Outra colher. Saiu de casa e pegou um ônibus? Outra colher.

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Essa limitação de colheres faz com que você pense muito bem onde gastá-las. Afinal, nunca se sabe quando você vai ter uma crise ou uma dor repentina para te fazer usar muitas colheres. E se você perder todas antes do final do dia, talvez não consiga caminhar até a sua casa ou preparar o seu jantar.

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Geralmente, as pessoas saudáveis não precisam planejar seus dias de acordo com as colheres que possuem. Elas simplesmente vivem. Elas têm o luxo de uma vida sem escolhas.

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A maioria das pessoas que fica doente sente a “perda” de uma vida que tinha antes, já que não possui tanta energia para fazer o que todo mundo faz.

Não é tão fácil abrir mão de encontrar os seus amigos, mas às vezes você precisa fazer isso para continuar vivendo. Lidar com esses tipos de doenças é muito desgastante. Além do desafio da doença, você ainda precisa lidar com a cobrança social das pessoas próximas.

Elas nem sempre entendem que não se trata de uma questão pessoal ou que você ficou mais chata. E ter que explicar que você está doente e por isso não pode ir a um aniversário acaba sendo muito desgastante e te obriga a gastar mais uma colher.

Aceitei que essa era a minha realidade e por isso decidi não gastar mais as minhas colheres com coisas que não me interessam ou que não fossem essenciais para viver e cumprir minhas obrigações. Eu não tenho energia sobrando, então preciso escolher muito bem onde gastá-la. Tento gastar com o que gosto e preciso.

Essa foi a forma mais fácil de explicar ao meu namorado – que mora comigo – que às vezes preciso da ajuda dele para fazer coisas simples. Nossa relação ficou muito melhor assim.

Quando ele me pede para fazer algo e eu não tenho mais energia, eu simplesmente digo que as minhas colheres acabaram e fica tudo bem.

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Por mais que seja bastante difícil ter depressão, sinto que pela primeira vez tomei o controle da minha vida e estou aprendendo a vivê-la – e a teoria das colheres me ajudou bastante nisso. Não faço mais o que não quero por obrigação ou simplesmente porque não consegui dizer "não". Com isso, tenho aproveitado as minhas colheres e o meu tempo muito melhor do que antes.

Lembre: você sempre pode pedir ajuda, seja para amigos, para familiares, para especialistas, no posto de saúde, no pronto socorro ou no Centro de Valorização da Vida, ligando gratuitamente a qualquer dia ou hora para o 188.

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