Cinco perguntas para Luiz Calainho, sócio-diretor da Aventura

Executivo faz um balanço dos 15 anos da companhia, fala da importância de ter mais marcas apoiando os espetáculos e revela o que vem em 2024

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Cena do espetáculo "O Jovem Frankenstein", que chega em São Paulo no próximo ano

A indústria do entretenimento termina 2023 se mostrando um dos mercados mais promissores para os próximos anos. Segundo dados da PWC (PricewaterhouseCoopers), o segmento faturou mais de R$ 100 bilhões em 2022 e a previsão é seguir crescendo aproximadamente 6% ao ano até 2026.   

O bom momento do setor também é confirmado por Luiz Calainho, sócio-diretor da Aventura, empresa de espetáculos musicais, que obteve um crescimento de R$ 10 milhões a mais em relação ao ano passado. Em entrevista exclusiva para o BuzzFeed, Calainho faz um balanço dos 15 anos de atuação da companhia - completados neste ano de 2023 - e revela que o patrocínio das marcas nos espetáculos são essenciais para a viabilização de melhores produções, já que as leis de incentivo à cultura e a renda de bilheteria não são suficientes.  

Além disso, o executivo comenta sobre como levar os espetáculos para além dos palcos em um mundo cada vez mais digitalizado e das produções programadas para 2024 como "O Jovem Frankenstein", "A Noviça Rebelde", com Larissa Manoela, "Vozes Negras", "Disney Princesa", "Hip Hop Hamlet", uma reinterpretação da obra de Shakespeare ao som do Hip-Hop entre outras. Acompanhe!

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Luiz Calainho, sócio-diretor da Aventura, que completou 15 anos em 2023

A Aventura, sua empresa de espetáculos musicais e que já levou milhares de espectadores ao teatro, completou 15 anos em 2023. Que balanço você faz dessa trajetória e do último ano?

Luiz Calainho: Ao longo desses 15 anos de história, a Aventura venceu muitos obstáculos, entre eles a pandemia, conquistando recordes de público e grandes números com seus espetáculos nacionais e internacionais, bem como parcerias que foram além dos palcos. Foram mais de 40 espetáculos produzidos, os quais reuniram mais de 4.1 milhões de espectadores em mais de 3.500 apresentações por todo o país. Geramos mais de um mil empregos diretos e mais de 15 mil indiretos com produções que não se resumiram apenas aos teatros. São números que nos orgulham muito! Hoje, Aniela (Jordan, sócia de Calainho na Aventura) e eu ainda temos a missão de complementar nossas ações também para o público infantil com a Aventurinha, extensão da produtora que promove espetáculos e atividades que impactam no aprendizado e cultura de crianças. Criada em 2021, a Ecovilla RiHappy, idealizada em parceria com a maior rede varejista de brinquedos do Brasil, promove atividades culturais para as crianças que visitam o espaço, que fica localizado dentro do Parque Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Em 2023 completamos 15 anos de empresa, com crescimento de R$10 milhões a mais em relação ao ano passado. Vemos muitas mudanças, inclusive na forma de patrocínio: até a pandemia, 40% dos nossos projetos patrocinados eram feitos por meio das leis de incentivo. Atualmente, este percentual está em 25% e deve se manter assim, mesmo com novos estímulos municipais, estaduais e federais que surgiram. Vemos que é uma mudança de postura e prioridade das empresas que estão acompanhando o desejo do público por interação e experiências.

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O Brasil ainda sofre com a falta de incentivo à cultura. Que análise você faz do setor cultural para os próximos anos e que nicho você acredita que o país ainda pode explorar melhor?

Luiz Calainho: Grandes empresas nacionais se identificam com o que proporcionamos ao público e com nosso impacto na cultura nacional, refletindo seu apoio com patrocínios em nossos espetáculos e teatros. Estes patrocínios são essenciais para a viabilização das nossas produções, e impactam em 60% na composição das nossas receitas. O apoio por meio de leis de incentivo à cultura é fundamental e a renda de bilheteria também é super importante, mas não são suficientes para que possamos levar ao público o melhor dos nossos espetáculos. Então é necessário criar apelos para as marcas estarem presentes.

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A produção de "Elis, A Musical" ganhará uma turnê em 2024

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O mercado publicitário apoia muito os festivais de música. O que é preciso para as marcas também investirem no teatro?

Luiz Calainho: Para nós, cultura é cultura, seja música, teatro e cinema. A chave do investimento é a identificação das empresas. Notamos o quão importante nosso trabalho é para o cenário cultural nacional e internacional, colocando o Brasil no mapa mundial do teatro, quando vemos as grandes parcerias que firmamos e temos atualmente. No caso dos festivais, vemos todos os tipos de artistas, estilos musicais, atrações, atingindo um público cada vez mais plural e levando as marcas parceiras a atingirem cada vez mais pessoas. Com as nossas produções, procuramos causar o mesmo impacto, com musicais para todas as idades e gostos, e parcerias com empresas que buscam ser vistas por todas as pessoas, não só como referências em seus setores, mas também como apoiadoras da cultura no Brasil.

Em um universo cada vez mais digitalizado, como levar os espetáculos para além dos palcos?

Luiz Calainho: Creio que tudo pode ser adaptado, principalmente a arte, em todos os seus tipos. Hoje, vemos, por meio de parcerias inovadoras sendo com redes ou marcas de tecnologia, novos tipos de conexão do público com espetáculos. Temos como principal exemplo a parceria da Aventura com a rede social Kwai, que promoveu uma nova forma do público conhecer, assistir e se interessar no musical Mamma Mia!, com vídeos sobre os bastidores da peça, cenas e uma “telenovela” adaptada para ser assistida na tela do celular. Além de nos orgulharmos em promover o acesso gratuito de nosso espetáculo ao grande público pela rede, colhemos os frutos desta divulgação inovadora quando recebemos mais de 82 mil espectadores no Rio de Janeiro, no Teatro Multiplan, e em São Paulo, na casa de shows Vibra SP, com lotação máxima nas oito apresentações na cidade.

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O espetáculo "Disney Princesa" será um dos destaques da Aventura em 2024

Quais são os planos para 2024? Já temos montagens programadas?

Luiz Calainho: O Brasil é o país que mais ama música no mundo e é uma grande honra trazer aos nossos palcos espetáculos incríveis a esse povo apaixonado. Estamos preparados para os próximos 15, 30 anos de contribuição à população, fomentando cultura, dando voz aos nossos artistas e ocupando os palcos, que é o que mais gostamos. Para 2024, estamos programando a produção de "Elis, A Musical" em turnê, "O Jovem Frankenstein" em São Paulo, "A Noviça Rebelde" com Larissa Manoela e já com pré-vendas abertas em São Paulo e Rio de Janeiro, "Vozes Negras", "Disney Princesa", "Mamma Mia!" e o inédito "Hip Hop Hamlet", uma reinterpretação da obra de Shakespeare ao som do Hip-Hop.

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