Cinco asiáticos brasileiros reagem a "Podres de Ricos"

Perguntamos como eles se sentiram ao ver o primeiro filme de Hollywood em 20 anos com o elenco majoritariamente asiático.

Na semana passada, o filme "Podres de Ricos" foi lançado no Brasil. É o primeiro filme de Hollywood com um elenco majoritariamente leste-asiático em 20 anos.

Warner

Empoderado pela questão da representatividade, o filme foi um sucesso nos Estados Unidos, obtendo o melhor resultado em bilheteria de uma comédia romântica dos últimos seis anos.

"Podres de Ricos" é baseado no primeiro livro da trilogia bestseller de Kevin Kwan, "Asiáticos Podres de Rico". O sucesso do filme foi tanto que o estúdio já confirmou a sequência baseada no segundo livro da série, "China-Rich Girlfriend".

Perguntamos a cinco asiáticos-brasileiros que já assistiram à "Podres de Ricos" como foi sua experiência ao verem o primeiro filme de Hollywood em 20 anos com o elenco majoritariamente asiático.

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O que vocês mais gostaram no filme?

Warner Brothers / Reprodução

"A proposta de tensionar valores tradicionais da cultura chinesa, peculiar à outras culturas também, em contraste com valores vistos como não tradicionais, ou mesmo ocidentalizados". - Takashi, 25, Curitiba, ascendência japonesa

"Gostei muito de como o filme mostra que mesmo a protagonista tendo ascendência chinesa, falando chinês, ela ainda é considerada americana pela família do seu namorado, que vive em Singapura". - Alessandra, 21, São Paulo, ascendência japonesa

"Leveza e despretensiosidade. O filme é autêntico, dá para perceber que é contado por uma visão de dentro, não do que "os outros pensam". Isso torna ele crível e honesto". - Paula, 34, São Paulo, ascendência sul-coreana

"Gostei de ter visto detalhes que fazem parte do cotidiano de descendentes de asiáticos no mundo ocidental. Por exemplo, a primeira cena em que o gerente do hotel claramente julga os hóspedes pela sua etnia. Gostei de ver também a relação com a comida. Me vi na cena em que a família faz dumplings juntos". - Sabrina, 37 anos, São Paulo, ascendência coreana

"Ver um filme que tem o elenco inteiro composto com pessoas que se parecem comigo e que não aparecem na tela apenas como coadjuvantes!" - Juliana , 32 anos, São Paulo, ascendência japonesa

O que você acha que poderia ter sido melhor?

Warner Brothers / Reprodução

"Poderia ter tido uma abordagem tratando de questões de gênero com um pouco mais de perspicácia, não tanto apelando para um humor estereotipado em que mulheres são fúteis e homens safados, cafajestes". - Takashi, 25, Curitiba, ascendência japonesa

"Acho que teria sido legal colocar a outra visão também, de como a protagonista é vista pelos americanos, isso só foi mais retratado na primeira cena, quando a família de ascendência chinesa foi hostilizada apenas pela sua aparência". -Alessandra, 21, São Paulo, ascendência japonesa

"É um filme comercial com essa proposta. Achei ok". - Paula, 34, São Paulo, ascendência sul-coreana

"Não sei dizer. Acho que dentro do gênero comercial, atende as expectativas e não se fecha para um enredo fechado apenas para a comunidade asiática". - Sabrina, 37 anos, São Paulo, ascendência coreana

"Eu acho que faltou dinheiro! haha! Eu achei que pelo nome do filme poderia ser ainda mais opulento!" - Juliana, 32 anos, São Paulo, ascendência japonesa

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Você acha que o filme representou asiáticos de diferentes origens?

Warner Brothers / Reprodução

"Acredito que o foco da representação e da narrativa foi direcionado para os chineses". - Takashi, 25, Curitiba, ascendência japonesa

"O filme não representou diferentes origens asiáticas, mas é possível notar semelhanças na cultura chinesa com a japonesa em relação em manter a tradição da família". - Alessandra, 21, São Paulo, ascendência japonesa

"Sim e não. O filme tem um contexto de asiáticos ricos, é comercial e os personagens principais são de Cingapura e estudam nas melhores universidades nos EUA. O filme contribui com a representatividade, mas não representa todos os orientais. Só pensar no mundo como um todo: um filme que conta um romance de brancos ricos não representa a diversidade branca nem do ocidente. É a mesma coisa neste exemplo". - Paula, 34, São Paulo, ascendência sul-coreana

"Acho que sim. Temos que lembrar que se trata de uma história baseada em um livro que retrata famílias chinesas em Singapura. Eu mesmo não sabia nada sobre Singapura e fiquei com vontade de ir. Por outro lado, existem muitas coisas parecidas entre os povos asiáticos. Existe uma fala em que zoam as coreanas do K-pop que eu achei engraçado. Achei as relações familiares muito parecidas com famílas coreanas". - Sabrina, 37 anos, São Paulo, ascendência coreana

"O filme acaba focado mais em asiáticos de Cingapura, eu senti falta de ver asiáticos marrons, mas num contexto de um filme que se passa lá, meio que faz sentido". - Juliana, 32 anos, São Paulo, ascendência japonesa

Alguma coisa te incomodou como asiático(a) brasileiro(a)?

Warner Brothers

"Sim. A questão do choque de gerações, a visão do nativo em detrimento do sujeito higienizado (chineses×chineses-estadunidenses)". - Takashi, 25, Curitiba, ascendência japonesa

"Não teve nada que me incomodou como asiática brasileira". - Alessandra, 21, São Paulo, ascendência japonesa

"Não. Confesso que tive preconceito com a sinopse ao ver o trailer: jovem (mulher) que vai casar com herdeiro e ingenuamente não sabe. Mas quando assisti ao filme vi que esse "pacote" popular mascara uma proposta muito mais autêntica e representativa. Isso está muito claro no filme". - Paula, 34, São Paulo, ascendência sul-coreana

"Não". - Sabrina, 37 anos, São Paulo, ascendência coreana

"Tem algumas coisas meio estereotipadas que talvez sejam mais de Cingapura e da parcela da sociedade que eles retratam no filme: tipo os pais da Peik Lim que são o estereótipo de chineses que sempre existiu no cinema. Mas como no filme aparecem outras muitas representações do que é ser asiático, acho que até que fica verossímil?" - Juliana, 32 anos, São Paulo, ascendência japonesa

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O filme atingiu as suas expectativas?

Warner Brothers / Reprodução

"De certo modo sim, acredito que o protagonismo asiático pode trazer contribuições positivas, mesmo que parcialmente". - Takashi, 25, Curitiba, ascendência japonesa

"Achei o filme super legal, foi até melhor do que eu imaginava". - Alessandra, 21, São Paulo, ascendência japonesa

"Superou". - Paula, 34, São Paulo, ascendência sul-coreana

"Superou as minhas expectativas. Fiquei meio preocupada dos personagens quererem ficar se provando para os brancos, mas não foi isso que aconteceu. Acho que foi por isso que foi genuíno. Adorei o fato das músicas serem em chinês e o filme deu outra mensagem completamente diferente do que eu imaginava pelo trailer". - Sabrina, 37 anos, São Paulo, ascendência coreana

"Sim!!! Eu li o primeiro livro e estou lendo o segundo. Então, eu meio que já esperava uma espécie de Gossip Girl protagonizado por asiáticos. Também sou chorona e me emocionei em algumas partes. Na minha opinião foi 9/10. É um ótimo começo de conversa na representação de pessoas asiáticas no cinema". - Juliana, 32 anos, São Paulo, ascendência japonesa

Você tem um recado a outros brasileiros asiáticos que estão com vontade de ver o filme?

Warner Brothers / Reprodução

"Assistam de coração aberto, primeiramente. Depois que sair do cinema, faça suas associações, construa um posicionamento crítico em relação ao filme 😉😉 - Takashi, 25, Curitiba, ascendência japonesa

Assistam! É muito bom poder ver um filme com um elenco asiático no cinema aqui no Brasil!"- Alessandra, 21, São Paulo, ascendência japonesa

"Acho que vale o entretenimento para quem não tem origem amarela, e recomendo bastante a casais interraciais, àqueles que acham que conflitos vêm da diferença de raça ou de preconceito de forma rasa. Acho que não orientais vão se dar conta do quanto são racistas ao assistirem ao filme e se identificarem com os personagens, na palavra que os racistas "do bem" gostam de usar: "humanos". Isso é o que representatividade significa: se identificar com "o outro", se colocar no lugar, ter empatia. Hoje ainda a mídia e o audiovisual são muito quadrados e colonizados nesse quesito, principalmente as mídias tradicionais. Acho que quem vê o filme como de nicho estará sendo racista, pois a história é bastante universal e se trata na verdade de um gênero de comédia romântica bem palatável. Isso é o que marca o filme: é despretensioso em contar uma história simples de forma - hoje - inesperada e pretensiosa: com humor e romance popular de forma não preconceituosa nem racista em relação a um grupo muito estereotipado e ridicularizado na cultura ocidental de massa". - Paula, 34, São Paulo, ascendência sul-coreana

"Assistam. Recomendo para asiáticos e para pessoas que estão em um relacionamento com não asiáticos". - Sabrina, 37 anos, São Paulo, ascendência coreana

"Assistam! É uma comédia romântica açucarada que é um ótimo passatempo para qualquer pessoa, mas que para uma pessoa asiática como eu parece um passo enorme para gente começar a se ver representado de outra forma na cultura". - Juliana, 32 anos, São Paulo, ascendência japonesa

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