Capa do Extra sobre linchamento ganha milhares de compartilhamentos

Jornal comparou um quadro de um escravo sendo açoitado com a foto de Cleidenilson, jovem que foi espancado até a morte após tentar assaltar um bar em São Luís (MA). "Evoluímos ou regredimos?", questiona a publicação.

Esta é a capa do Extra desta quarta-feira (8), compartilhada mais de 15 mil vezes no Facebook até a publicação deste post. O jornal convida o leitor para refletir sobre o linchamento de Cleidenilson, no maranhão, após uma tentativa de assalto.

      

A primeira imagem da capa do jornal é uma obra do pintor francês Jean-Baptiste Debret que retrata um escravo sendo açoitado aqui no Brasil, durante o começo do seculo 17.

O francês é autor do livro "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil", ilustrado com aquarelas sobre o que ele viu quando morou no país, entre 1816 e 1831.

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Cerca de 200 anos separam a aquarela de Debret e segunda imagem da capa, uma foto do jovem linchado. "Evoluímos ou regredimos?" pergunta o jornal.

"Se em 1815 a multidão assistia, impotente, à bárbarie, em 2015 a maciça maioria aplaude a selvageria. Literalmente - como no subúrbio de São Luís - ou pela internet", postou o jornal nos comentários.

"Cleidenilson da Silva, 29 anos, negro, jovem e favelado como a imensa maioria das vítimas de nossa violência."

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Entre os mais de 17 mil comentários da postagem do Extra no Facebook, realmente há muitas pessoas que apoiam a ação dos "justiceiros". Teve gente que postou que Cleidenilson "não é vítima de nada, vítima é quem foi assaltado".

Mas um leitor deu uma aula breve de história para traçar um paralelo entre as duas imagens. "Se você não enxerga as coincidências com os dias atuais, então há algo errado com você".

"Os escravos eram açoitados, muitas das vezes, pois tentavam escapar das atrocidades que viviam. Apanhavam tbm quando "roubavam" algum alimento escondido dos seus "donos" e tbm apanhavam quando questionavam os seus senhores. Não havia julgamento, não havia justiça e muito menos direito de defesa. Os escravos apanhavam(e muitas das vezes morriam) pelas mãos daqueles que se diziam pessoas de bem e com autoridade de juiz, mesmo quando ninguém havia dado esse poder a eles."

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Este disse que "a capa é maravilhosa, provocativa e nos ajuda a refletir. Esse é o papel do jornalismo"

Há quem tenha chamado a capa de um "respiro de esperança no jornalismo brasileiro".

"A maior prova da nossa regressão é ver tanto 'cidadão de bem' aplaudindo execuções e espancamentos."

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Por sim, uma observação importante feita por uma leitora: "uma população sanguinária só será capaz de produzir mais ódio, sangue e horror."

Atualização 8/7 14:03

O título anterior do post dizia que o linchamento foi no Rio. A informação foi corrigida.

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