Canal E! volta atrás e substitui dublagem transfóbica de reality

Estúdio havia usado homens cis para dublar mulheres trans com tom jocoso em 'Botched'

O assunto nunca foi muito discutido, mas está na hora de falar sobre transfobia nas dublagens. Sim, dublagens podem ser extremamente transfóbicas.

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Vamos adiantar já dizendo: a comunidade trans não tem de tolerar deboche de homem cis.

Reprodução/Botched

No vigésimo episódio da sexta temporada, por exemplo, exibido na semana passada, o reality show apresenta o caso de Maria, uma mulher trans que tenta consertar seu nariz, depois tratamentos que resultaram em complicações.

Curiosamente, a voz escolhida na dublagem para representá-la é a de um homem cis. E mais: um homem imitando uma figura afeminada, com grandes semelhanças àqueles tais humorísticos antigos.

Mais do que isso: ele passa a usar gírias que não estão no texto original, transformando Maria em uma caricatura comum ao imaginário preconceituoso - e heterossexual.

Sem fazer alarde, o canal E!, após tomar ciência do problema, decidiu agir. Procurado pela coluna, mandou o seguinte comunicado.

"O E! Entertainment, seguindo o compromisso firmado em 2019 com a campanha “Vozes do E!”, de respeito e apoio à diversidade, entendeu que o áudio em português do vigésimo episódio da sexta temporada de 'Botched', reality show com os cirurgiões plásticos Paul Nassif e Terry Dubrow, poderia ser melhorado. O episódio em questão apresenta uma paciente trans. A dublagem, na nova versão, foi realizada pela modelo Bárbara Britto, uma das participantes de 'Born to Fashion', reality show só com modelos trans, que contou com profissionais trans à frente e também atrás das câmeras. O E! também lançou, no início do ano, uma campanha em parceria com a ONG Transempregos, estrelada pela vencedora de 'Born to Fashion', Cecília Gama."

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O episódio com nova dublagem foi ao ar no último dia 24 de maio, mas fica a dica para o canal E!: ele não era o único problemático.

A questão pode ser mais profunda: o estúdio de dublagem contratado talvez não esteja pronto para lidar com questões da diversidade.

A coluna procurou a Centauro, responsável pelas vozes nacionais do reality, mas não conseguiu contato.

É preciso estar atento para que isso não mais aconteça.

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