Até agora, Bolsonaro ainda não condenou as denúncias de assédio sexual no governo

Para o lugar de Pedro Guimarães, presidente nomeou uma mulher para tentar conter danos do escândalo na Caixa.

Levou cerca de 24h horas para Pedro Guimarães deixar a presidência da Caixa Econômica Federal (CEF) após denúncias de assédio sexual envolvendo seu nome virem à tona, na última terça-feira (28).

Reprodução/ Caixa Econômica Federal

Montagem de capa sobre a foto de Anderson Riedel/PR.

A saída do economista ocorreu sem qualquer declaração do presidente Jair Bolsonaro (PL) condenando a possibilidade de haver casos de assédio sexual em seu governo, solidarizando-se com as mulheres ou prometendo investigar o caso. Nada.

Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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Em qualquer país sério e funcionando dentro da normalidade, o presidente viria à público condenar a mera suspeita de que alguém com conduta sexual inapropriada fizesse parte do governo.

Mas não aqui.

Na tarde de ontem, pelo Instagram, Guimarães publicou seu pedido de demissão e se disse inocente.

A investigação em curso no Ministério Público Federal será a responsável por apurar o caso.

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Nesta quinta-feira (30), novas denúncias contra Guimarães, agora de assédio moral, vieram a público, inclusive com gravações. As revelações foram feitas pelo site Metrópoles.

Para o lugar de Guimarães, ainda ontem Bolsonaro nomeou a economista Daniella Marques, que ocupava o cargo de secretária de Produtividade e Competitividade no Ministério da Economia. 

Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A troca foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU)

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Daniella, que integrava a equipe do ministro Paulo Guedes desde o início do governo, pode ser uma excelente profissional, competente e capacitada para presidir a Caixa. Será ótimo se for assim. No entanto, sua escolha, a essa altura do campeonato, certamente não se deu por tais atributos.

Reprodução/Youtube

Colocar uma mulher para substituir um homem investigado de assédio sexual é a tentativa mambembe e simplória que Bolsonaro encontrou para "resolver o problema" e tentar encerrar o assunto.

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Também é uma estratégia visando a eleição. Sabendo que 61% do eleitorado feminino diz que não votaria em Bolsonaro, segundo a última pesquisa Datafolha, ele escolhe uma mulher para o cargo como forma de tentar diminuir sua rejeição.

No lugar de demonstrar interesse em apurar as acusações de assédio sexual, de averiguar se outros membros do alto escalão da Caixa e do governo não têm a mesma conduta, de proteger outras mulheres de casos como esse, Bolsonaro prefere usar Daniella para tentar conter os danos do escândalo no governo.

É o que minha avô chamaria de "tapar o sol com a peneira".

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