Bolsonaro age, mais uma vez, como se o governo fosse seu quintal

Até obra na cidade do sogro ele mandou fazer.

O presidente Jair Bolsonaro fez questão de anunciar, na quarta-feira (15), que demitiu servidores do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) após receber reclamações do empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, sobre a paralisação de uma obra em Rio Grande (RS), após um objeto arqueológico ser encontrado.

 Isac Nóbrega/PR

Publicidade

O caso ocorreu em 2019. No ano passado, em entrevista à Veja, Hang negou que tenha pedido para Bolsonaro interceder no caso. Segundo ele, a obra foi retomada 40 dias após a paralisação.

Alan dos Santos/PR

"Não pedi nada ao presidente! Zero, zero! Ele deve ter visto nas minhas redes sociais. Eu sou ativista político, mas não peço favor para mim. Minha principal bandeira é a desburocratização, a redução da burocracia, que é a mãe da propina, da corrupção, do calvário de todo empresário brasileiro", disse.

No mês passado, Bolsonaro deu mais uma demonstração pública de como opera com as ferramentas do governo em favor dos seus. Durante live no dia 25, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, afirmou que o presidente "resolveu a situação de Crateús (CE). Sem nem corar, Bolsonaro responde: "Pô, tem que resolver, né. Meu sogro vivia perturbando a gente aí", disse.

A obra em questão é na Barragem Fronteiras, em Crateús, cidade do sogro de Bolsonaro. O governo federal investiu "mais de R$ 600 milhões" na retomada da obra, segundo Marinho.

Publicidade

A lista, é claro, não acaba aqui. Inclui ainda as denúncias de que Bolsonaro teria interferido na Polícia Federal para e evitar que familiares e amigos seus fossem "prejudicados"por investigações em curso.

Marcos Correa/PR

“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira”, disse o presidente na já famosa reunião ministerial de 22 de abril de 2020.

Veja também