Black Money: a movimentação que estimula a autonomia econômica da comunidade negra

Modelo não é livre de críticas, mas sua capacidade de promover mudanças não deve ser subestimada.

A palavra estrangeira pode fazer parecer que esse é um novo fenômeno, mas o povo negro sempre esteve no corre independente pela sobrevivência.

Reprodução | Quituteiras e baianas foram algumas das primeiras referências do que, hoje, é chamando de empreendedorismo negro.

Tanto no período pré-Abolição (para os que compraram sua liberdade) como no pós, montar seu próprio negócio era uma das possibilidades de trabalho mais visadas na diáspora negra.

O “Black Money” só dá um nome e organiza uma movimentação que sempre existiu na comunidade negra. Cerca de 25% dos brasileiros pensam em abrir seu próprio negócio. Mas, entre os negros, esse número chega a 36%.

É uma reação: a falta de oportunidades, as dificuldades de ascensão, o descrédito constante e ambientes de trabalho racistas fazem com que muitas pessoas negras procurem comandar seus próprios negócios.

Mesmo que a lógica de ocupar espaços seja bastante válida, a de criar nossos próprios espaços é muito importante.

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Legenda: Negócio comandado por negros

Adquirir produtos ou contratar serviços de empreendedores e empresas negras faz com que o dinheiro circule dentro da comunidade, mas não é só isso. Também são criadas redes e novas oportunidades para quem, antes, tinha muitas limitações impostas pelo racismo.

O conceito de Black Money precisa ir além de um mero conjunto de empresas e prestadores de serviços negros. Além da questão da inclusão, também é necessário pensar nas necessidades da comunidade e levar seu público a uma maior consciência social e econômica.

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O modelo não está livre de críticas, já que, por si só, não resolve os problemas da desigualdade racial. Mas sua capacidade de promover mudanças na comunidade ao redor, a inclusão e ambientes de trabalho mais saudáveis - rompendo os modelos de empresas tradicionais - não pode ser subestimada.

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A busca é pela redução do abismo que existe entre a falta de autonomia econômica da comunidade negra e os mais de 1,7 trilhão de reais movimentados anualmente por ela.

“Os africanos são grupos humanos que historicamente se destacam pela arte de mercar. Antes do contato com os portugueses eles já faziam trocas com a China, a Indonésia, e entre as civilizações do próprio continente africano.”- Vilson Caetano, em entrevista à biblioteca virtual Consuelo Pondé.

Texto de Jun Alcantara

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