Assessor diz que pagou R$ 20 mil do próprio bolso e que Feliciano não sabia

Talma Bauer, chefe de gabinete do deputado, disse que pagou para Patrícia Lélis calar sobre tentativa de estupro porque temia que seu chefe fosse afetado por escândalo. Já é a segunda história diferente que ele conta.

O chefe de gabinete do deputado Marco Feliciano (PSC-SP), Talma Bauer, disse que ele agiu sozinho, sem anuência do congressista, quando resolveu pagar R$ 20 mil para a jornalista Patrícia Lélis, 22.

A nova versão de Bauer, isentando Feliciano da negociação e do pagamento, surgiu depois que a anterior foi desmontada por um vídeo em que ele aparecia negociando o pagamento à jornalista. O dinheiro foi apreendido.

Antes, numa entrevista ao BuzzFeed Brasil, Bauer disse que mal conhecia a mulher que acusa o deputado de tentar estuprá-la. Agora, disse à polícia que pagou, mas sem Feliciano saber.

Tatiana Farah/ BuzzFeed Brasil

Publicidade

"Ele [Feliciano] não sabia da minha atitude. Não comuniquei a ele essas negociações".

O dinheiro serviria, segundo ele, para que ela fizesse vídeos inocentando o deputado de suas próprias acusações de tentativa de estupro.

"Ela é caluniadora. A preservação da pessoa, da família, vale do que qualquer coisa. Como ela pediu uma coisa que não era tão difícil, eu dei um jeito de arrumar. Fui vítima de uma extorsão", disse Bauer à imprensa.

"Achei que o escândalo era muito maior do que o próprio dinheiro".

Publicidade


O chefe de gabinete, que continua trabalhando para o deputado, chegou à delegacia acompanhado do assessor de imprensa de Feliciano, que também é advogado. "Eu peguei (o dinheiro) das minhas economias e fiz o que ela queria", disse Bauer para explicar a origem do dinheiro.

Publicidade

Ele disse à imprensa que foi um "blefe" quando disse à Patrícia que pagou R$ 50 mil a um intermediador da propina no Rio de Janeiro.

A cena foi gravada em vídeo por Emerson Biazon, o mesmo que recebeu o dinheiro e, posteriormente, o entregou à polícia.

Tatiana Farah/ BuzzFeed Brasil

Publicidade

Ao delegado Luis Roberto Hellmeister, que preside o inquérito, Bauer afirmou que não tinha os R$ 50 mil e que fingiu ter pago para tentar resolver o problema com a jovem.

Já a defesa de Patrícia nega a extorsão e afirma que todas as suas declarações no mesmo vídeo foram forçadas. Ela diz ainda que não recebeu dinheiro.

Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

Publicidade

"Os valores foram apreendidos com Bauer e sua equipe e não com Patrícia. Com ela não foi apreendido nenhum valor", disse o advogado de Patrícia, José Carlos Carvalho. "Outrossim, se estou em vias de receber dinheiro, não é estranho que eu peça auxílio a um jornalista e saia em desespero do hotel para denunciar à polícia", completa Carvalho.

Hellmeister disse que vai indiciar Patrícia por falsa denunciação, já que não foi configurado o crime denunciado por ela de sequestro qualificado cometido por Bauer. O delegado aguarda mais investigações para decidir se a indiciará por extorsão.

Na noite desta sexta-feira, enquanto acontecia o depoimento do chefe de gabinete, o deputado Marco Feliciano ministrava um de seus sermões na abertura da Semana da Família, em Cascavel (PR).

Reprodução/ Facebook Marco Feliciano

Publicidade

Seu assessor de imprensa informou que ele estaria incomunicável por causa da viagem e que não se manifestaria sobre o vídeo até receber informações oficiais.

Veja mais:

O que você precisa saber para entender o caso Feliciano

Assista o momento em que assessor de Feliciano negocia silêncio de jovem

Testemunha diz que propina pedida no caso Feliciano foi de R$ 1 milhão

Imagens mostram encontro de jovem que acusa Feliciano de tentar estupro e assessor

Jovem acusa Feliciano de tentativa de estupro; assessor é suspeito de coação


Veja também